quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A FAVOR DAS CRIANÇAS DIMINUIDAS MENTAIS DO ALGARVE

O Rotary Clube, pelo  nosso Directivo Costeleta Brito Figueira, através de José Manuel Sosa, solicitam-nos a seguinte divulgação










ILUSÕES

            CAPITULO I

Na sala da casa de José, que visitava pela primeira vez, sentado no sofá e olhando para a marquise perguntei
- Onde é que aprendeu isso tudo, José? Você sabe tanto… Ou talvez seja eu que estou convencido disso. Não. Realmente você sabe imenso.
José pendura o lenço de seda acabado de lavar na corda da marquise, volta-se e responde:
- Num livro!
- Num livro?
- Sim, o Manual da Salvação. É uma espécie de Bíblia dos Mestres. Devo ter um exemplar na estante, que lhe posso emprestar se estiver interessado.
- Estou, sim! É um livro que ensina…?
José procurou afanosamente na estante e voltou com um pequeno volume, tipo livro de bolso, encadernado num material que parecia ser camurça. Impresso a letras pretas, podia ler-se:
Manual das Ilusões
Meditação para o Espírito Evoluído”
- Manual da Salvação, disse você? Mas neste está escrito Manual das Ilusões.
- É mais ou menos isso, respondeu ele, começando a recolher os vários objectos espalhados sobre o maple, como a preparar-se para se sentar.
Folheei o livro, verificando que se tratava de uma série de máximas e parágrafos curtos. Num deles li em voz alta “Perspectiva. Se abriste o livro nesta página estás a esquecer-te de que o que se passa à tua volta não é uma realidade. É uma ilusão. Pensa bem nisto”
- José, você leu isto acerca da perspectiva?
- Não!
Tomei a resposta como uma brincadeira. Continuei a folhear o livro; reparei que estava ali tudo o que um Mestre precisava de saber.
“Aprender é descobrir aquilo que já sabemos”, “Todos são alunos e professores”, “Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto como tu”.
- Está muito calado, disse José, como se quisesse falar comigo.
- Estou! Respondi continuando a ler.
Se aquele livro era só para Mestres, não o queria deixar escapar.
- Há uma coisa estranha neste livro, as páginas não estão numeradas!
- Pois não. Respondeu.
- Basta abrir para encontrar aquilo que preciso.
- É mágico o livro?
- Não. Isso pode acontecer com qualquer livro e até com um jornal, o que interessa é dar atenção ao que se lê. Já experimentou abrir um livro quando está com algum problema e ler o que está escrito?
- Não.
- Então há-de experimentar
Fechei os olhos e tentei fazer o que ele disse, perguntando para comigo o que iria acontecer se eu continuasse na companhia daquela estranha criatura que conhecera há poucos dias. Sempre a pensar nisso, abri o livro e li:
“Os teus amigos ficarão a conhecer-te melhor nos primeiros encontros? PURA ILUSÃO”
            Fiquei pensativo. Como estava na hora do almoço fiz as minhas despedidas e regressei a casa.
  
CAPÍTULO II

Não pretendo fazer comparações de consentimento com quaisquer fazendeiros do nosso burgo. E muito menos com os montanheiros,
O que é certo é que os ciganos precisam de bons terrenos para que o seu “trabalho” prospere. Têm que estar perto dos “clientes” e para isso precisam de descobrir campos de relva, de feno, de aveia ou de milho cortado a dois passos das respectivas cidades. Sem pedirem licença aos seus proprietários. Aqui, para terem comida para os seus animais, ali para se deslocarem com facilidade e tratar do seu “comercio na cidade”. Numa manhã de Sábado resolvi visitar o José cuja morada se situa nos subúrbios e resolvi deslocar-me a pé apreciando os campos verdes de erva, sem nada semeado, uma lástima, verificando, antes de chegar a casa do José, um pequeno aglomerado de, chamemos assim, “favela cigana”.
Abri a cancela da propriedade do José e entrei naquele pequeno jardim, de certo modo florido, e reparei que o proprietário, de joelhos, podava umas roseiras.
- Bom dia José! Posso entrar?
Respondeu com um resmungo, que percebi ser “já entrou” e acrescentou:
- Oiça, disse ele através do espaço que nos separava, “este mundo, e tudo o que nele existe, não passa de ilusões,  desde as coisas mais íntimas – são tudo ilusões! Percebe o que eu quero dizer?
Não houve piscar de olhos nem sorrisos; como se de repente ficasse furioso comigo por eu não saber aquilo há mais tempo. Pensei, “a coisa promete” e respondi
- Sim, está bem, são ilusões. Foi tudo o que eu consegui responder. Mas mudei de assunto e disse:
- José, você tem aqui próximo instalados novos vizinhos.
- Vizinhos? Isso é outra ilusão. Satisfazem a fome aos animais, roubam-me a água e, de repente desaparecem e noto depois que tudo o que é de ferro e cobre desapareceu também. Será isto uma ilusão? Nómadas!
- De facto não deixa de ter razão mas, até ser ilusão…
- No livro que lhe emprestei está lá escrito esta máxima:  “É uma ilusão imaginar o universo belo, justo e perfeito”.
Conversámos sobre outros assuntos e, na hora do almoço, o José apontou-me o dedo e disse:
- Vou tratar do meu almoço e você, se quiser almoçar, vá para sua casa fazer o mesmo…
Despedi-me, desejando-lhe bom apetite, saí a cancela e ao mesmo tempo que pensava naquele à vontade, indeli-cadeza e falta de cortesia, dizia para os meus botões:
Isto é uma ilusão. Tudo o que se passou aqui pode estar errado”.

CAPÍTULO III
  
Uma manhã destas pus-me a caminho, a pé, para visitar o José.
Quando cheguei à entrada do quintal puxei o cordel e ouvi a sineta dentro de casa a badalar.
José apareceu à porta, olhou-me e exclamou:
- Está fechada à chave por causa dos ciganos.
- Já há alguns dias que não conversamos e resolvi fazer esta visita, respondi
José abriu a porta.
- Faça favor de entrar,
Entrei e sentei-me no sofá. José sentou-se na minha frente na poltrona.
- Então José, muita leitura? Venho trazer-lhe o livro que me emprestou.
- Agora tenho-me dedicado ao computador e ler as mensagens da internet.
- Muita coisa interessante?
- Numa das mensagens li que “Alguém” parecia daqueles velhinhos que se metem pelas auto-estradas em contra-mão, com o ministro das finanças no lugar do morto, a gritarem que os outros é que vêm ao contrário. De rabo entre as pernas, fartinhos de saberem que estavam errados, não conseguem agora disfarçar o mal que nos fizeram.
- Promessas de salvação?
- Estamos bem entregues! Querem-nos servir a sopa dos pobres, à custa dos milhões que ainda recebem da Europa, e dão aos boys a sopa dos ricos, pagam os justos pelos pecadores, uma injustiça; andam pela União Europeia sem vergonha, de mão estendida, a mendigar e a rapar tachos, tratados pelos credores como caloteiros perigosos e mentirosos de má-fé, com um nível “acima do lixo”. Esta tropa “fandanga” deu com os burrinhos na água, não serve para nada e o estado do próprio regime se encarrega de o demonstrar. Falharam todas as apostas essenciais e promessas. Todos os dias se mostram incapazes. E outros virão para que tudo continue igual
- Tens toda a razão José, só não percebo aqueles que votaram neles e querem repetir.
- Pois, é a crise que os carneiros não querem ver!
- Claro, são mesmo carneiros, e estes governantes são uma ILUSÃO, querem ser como os ilusionistas. Nós vemos todos os truques, mas não percebemos. Eles não querem que percebamos. Bem, esta conversa faz parte do “prato do dia” e, já sei que não me oferece o almoço. Vou andando para casa fazer o meu. Até à próxima José.
- Vá com Deus.
E fui, pensando: “Justiça? Pura ilusão!



d