NA MORTE DO PADRE «ZÉ PEDRO»
Não feria em nada, antes o dignificava o fraterno tratamento que,
para lá dos altos cargos dignatários que a Igreja Católica, que exemplarmente serviu durante mais de cinquenta anos, todos (leigos ou não) lhe dedicavam: «Padre Zé Pedro»! Sempre assim o foi e o é na saudosa lembrança que temos da sua memória. Monsenhor Cónego Dr. José Pedro Martins nascera há 82 anos em Santa Maria de Lagos e faleceu no Centro Social de Santa Bárbara de Nexe, cuja paróquia juntamente com a de Estoi, paroquiava até que as forças o permitiram.
Era uma das figuras mais destacadas da Igreja Algarvia (foi o grande realizador na Diocese das Reformas emanadas do Concílio Vaticano II, que abriu a Igreja a todos) e da Cultura no Algarve, havendo realizado uma obra sobretudo nos domínios das músicas sacra e tradicional de invulgar valor. Ainda há poucos meses, já no leito em que faleceu vítima de dois acidentes cardio - vasculares, foi apresentada uma obra musical de sua autoria. Foi o fundador do Coro do Conservatório, o actual e categorizado Coral Ossónoba, havendo sido o primeiro regente de ambos.
No âmbito sacerdotal tinha mais de 50 anos de vida consagrada em que desempenhou os mais elevados cargos, entre os quais os de Pároco da Nossa Senhora da Assunção (Sé de Faro), de Portimão e de Vila Real de Santo António até, com uma plena humildade e doação ser «Pároco de Aldeia» (Estoi e Santa Bárbara de Nexe), bem como Director do Seminário e do Arquivo Diocesano, Deão da Sé Catedral e sobretudo e sempre um homem de fé e de cultura.
Ficou sepultado no «Talhão do Clero», no Cemitério da Esperança, em Faro. Para a sua memória a nossa sentida homenagem!
«Môce da Rebêra»
Fui-o e hoje sou um «velho ancião» da Ribeira, mantendo toda a vida esse título que me orgulha. Nasci no hoje chamado «Bairro Ribeirinho», ali em plena «Ribeira», numa soalheira casa numa varanda, onde chegava em permanência o cheiro a mar, na proximidade da Ria, num namoro de milénios, que nem a linha férrea conseguiu extinguir. Era a zona citadina, ocupada maioritariamente por «gente do mar» que tinha como fronteiras a área da Companhia de Pescarias do Cabo de Santa Maria e o fumeiro do Fialho, a Igreja do Carmo, o Palacete Fialho (Rua do Lethes), o Palácio Bivar e a Estação da C.P. Ali cresci e vivi até que outros rumos me levaram a outras paragens, mas o orgulho de ser «môce da Rebêra», esse hou e há sempre.
Vem este intróito a propósito da deliberação camarária de requalificação do «Bairro Ribeirinho», com obras no valor de quase 3 milhões de euros e 730 dias de prazo de execução e conforme assinala a Autarquia: «Visando a melhoria das condições de usufruto e vivência urbana e colectiva, bem como a relação da área com a sua envolvente, permanecendo a atractividade e multifuncionalidade dos espaços públicos e a sua valorização histórica, patrimonial e cultural».