segunda-feira, 27 de outubro de 2025

CRÓNICA DE FARO
JOÃO LEAL

      SÃO MARTINHO, MAGUSTO E JEROPIGA

       Este ar novembrino que já nos aporta, não obstante a carência de umas boas e desejadas chuvadas, aí está com um reflexo muito próprio na urbe citadina. Não é necessário consultar o calendário, que as temperaturas vão altas e a serem batidos todos os recordes metereológicos.
        É, logo nos primeiros dias a saudosa evocação de quantos nos deixaram, aureleados ou não pelo reconhecimento da sua santidade. Saudades de quem nos deixou e legou, na grande maioria dos casos, um inventário longo e afectivo de gestos e acções que, em muitas situações anos volvidos, mas que continuam presentes na saudade e na recordação.
       Vem aquele ar fumegante dos assadores de castanhas (quem não se recorda do Manel Russo ou Manel dos Bigodes, empunhando o seu enorme «cachucho» ou do Coelhinho ou, mais em nossos dias os Maldonad?.
        E isto das castanhas assadas comporta logo a realização dos  «magustos», forma comunitária e fraterna das grandes assadas, com o acompanhamento da tradicional «jeropiga», a bebida da época.
        «Os meninos à beira da fogueira...» (uma lembrança).   
    É a lembrança do popular São Martinho (11 de Novembro), padroeiro da Feira de Portimão, uma das mais importantes deste ciclo de feiras outonais no Algarve.
       Vem-me à lembrança uma tradição perdida e que seria boa ideia se retomasse. Eram os «São Martinhos», réplica processional com um caixote de sabão «Offenbach - azul e branco» que nos era cedido, a nós, «malta da Ribeira», pelo sr. Zé da Avó (proprietário de uma mercearia no gaveto das Ruas da Barqueta e Gil Eanes (no vulgo Rua da Parreira) e elemento fundamental das primeiras equipas de futebol do Farense) ou pela D. Ermelinda, sua esposa. Depois eram os ramos das muitas palmeiras então existentes na Avenida da República.  Em cima., com algumas velas ia um de nós. Em regra era eu a fazer de santo, dado ser um magriço e leve. O santo figurado levava uns abundantes bigodes, obtidos a partir de uma rolha queimada, uma capa e uma garrafa ou garrafão e sempre a cantiga: «São Martinho lapa, vamos ao larapa -São Martinho vinho vamos ao copinho». Corridos eram os cafés e tabernas recolhendo os óbolos e a maior colheita era nas chamadas «casas das moças», onde as próprias «meninas» faziam os clientes dar a sua moeda.
    Novembro ou a nunca esquecida lembrança dos «São Martinho

Sem comentários:

Enviar um comentário