…começava,
nesta cidade de Santa Maria, de tão seculares tradições teatrais, aquele que
viria a ser um dos mais influentes, ativos e dinâmicos promotores da cultura e
da cidadania, entre nós.
Referimo-nos ao atual Grupo de Teatro Lethes, que também já o foi chamado de
Grupo de Teatro do Círculo, por estar sediado no teatrinho (ainda existirá?) na
Rua Conselheiro Bívar (Rua do Chiado ou Rua Direita, em tempos idos) e onde
vimos “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa ou de Teatro da Serrapilheira, nas
instalações, onde durante muitos anos funcionou o extinto Clube Recreativo 20
de Janeiro, na Rua do Alportel. Falar deste singular agrupamento, que suscitou
tantas outras atividades de cunho artístico, cívico ou social (Jograis; Coro
regido pelo João de Deus Gamboa; Títeres da Cachaporra; Jardim Escola;
Monumento ao Dr. Silva Nobre; Crianças Deficientes; Recuperação do Convento das
Freiras…)
…Recordar e felicitar o Grupo de Teatro Lethes, nestas seis décadas de exemplar
trabalho, vencendo todas as barreiras adversas e incompreensões constantes, é
lembrar uma “triologia” de quem tivemos o honroso ensejo de ser afetuoso amigo
e empenhado companheiro. Referimo-nos à “Família Coroa”, então alicerçada do
Dr. Emilio Coroa (que para Faro viera como médico e professor), seu irmão Eng.
geógrafo José de Campos Coroa (o patriarca, também mestre na Tomás Cabreira) e
a esposa do primeiro, a Dr.ª Maria Amélia Coroa (exercendo o magistério no
Liceu João de Deus e como os citados discípula do professor Paulo Quintela, no
prestigiado TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra).
Juntaram-se “artistas já consagrados localmente”, como os saudosos João
Veríssimo e o José Féria Pavão e gente nova, como os filhos deste benquisto,
generoso e benemérito casal ou Aurélio Madeira (Prémio Nacional de
Interpretação com a figura de primeiro Diabo nos “Autos Vicentinos”), o Miguel
Tinoco, o Ruy Rebocho, o Carlos Martins, o Joaquim Teixeira e tantos, tantos
outros cuja lembrança é uma saudade e um desfilar de recordações. À memória
vêm-nos as espetaculares representações, nessa ousadia que os espaços ao ar
livre citatinos motivavam à infindável capacidade realizadora do Dr. Emílio
Coroa, como “Castro” (Convento), Triologia Vicentina” (Alameda João de Deus),
“Grande Teatro Mundo” (adro da Igreja do Carmo), “O Grande Teatro do Mundo
(escadarias da Sé Catedral) ou “O Lugre” (doca).
Estes 60 anos de frutuosa vida do Grupo de Teatro Lethes foram assinalados na
sexta feira, dia 7 Junho, com a representação no Teatro Lethes, e encenação do
Dr. Emílio José Coroa (filho do fundador e como ele médico), que prossegue com
entusiasmo e continuidade a obra de seus saudosos pais e tio, da peça baseada
no livro “A Relíquia”, do escritor Eça de Queiroz e teatralização do dramaturgo
Luís Stau Monteiro.
João Leal
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