A CASA ARROMBADA
Anos e anos as cigarras cantaram,
Cantaram, nada
acautelando!
E a pólvora foi-se
acumulando.
mas eles não a viam e bailavam,
E, falavam das florestas que cantavam.
A pólvora, a seca, ia atingindo regiões!
Onde só havia alguns poucos aldeões.
Os instalados não a viam e folgavam.
Gente avisada a tempestade pressentiria
mas as
cigarras cantavam.
O perigo, esse, nunca surgiria,
mas o perigo, enraivecido, um dia chegou;
E durante
meses destruiu, queimou,
Parecia doido e só tarde parou,
Quando cansado transformara um jardim,
Num deserto
negro, negro e sem fim!
Homens e gado ferindo e aniquilando,
E casas e empresas queimando
A dor e o choro atingiram multidões,
No país, soou um
choro lancinante,
Que o vento empurra para Sul e para Norte
Coro
horrível, medonho.angustiante
Coro de destruição e de morte!
Te-lo-hão ouvido cigarras tais!
Serão punídas as responsáveis
mais?
Ou no futuro continuará tudo à sorte?
Manuel Inocêncio
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