FEDERICO GARCIA LORCA
Garcia Lorca, irmão:
Sou eu, mais uma vez ...
Venho e virei enquanto houver poesia
Povo e sonho na Ibérica,
Venho e virei a tua romaria
Oferecer - te a miséria
Duma oração lusíada e sombria.
Venho, talefe branco da Nevada,
Filho novo da Espanha!
Venho, e não digas nada,
Deixa um pobre poeta da montanha
Trazer torgas à roda de Granada!
Indomável cigano
Dos caminhos do tempo e da
ventura,
Sensual e profano,
O teu génio floresce cada ano ...
Venho ver - te crescer da sepultura!
Bruxo das trevas onde alguém te quis,
Nelas arde a paixão do que escreveste!
Sete palmos de terra, e nenhum diz
Que secou a raiz,
Que partiste ou morreste!
Uma luz que é o oceano da verdade
Abre - se onde os teus versos vão abrindo ...
A eternidade,
Na pureza da sua claridade,
Sobre o teu nome, universal, caindo ...
E o peregrino vem,
Reza devotamente,
Põe no altar o que tem,
E regressa mais livre e mais
contente ...
Assim faço também!
Miguel TorgaPoema enviado por:
Manuel Inocêncio
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