sábado, 5 de janeiro de 2008

UM COSTELETA EM WASHINGTON

( é da Senhora d Saúde)

QUEM SE LEMBRA DELE?...


É um “COSTELETA” amigo... um bom moço!..
Está bem na vida e fez o curso industrial.
Vai estar connosco em Vilamoura no almoço.
Apesar de não viver por agora em Portugal

E com ele vem a esposa e o filho costeletas também
E vamos estar juntos todos com este amigo!..
A quem agora aproveito para lhe dizer que tem
Aqui um espaço para onde escrever o seu artigo

E peço a todos os costeletas que escrevam para aqui
Em prosa ou verso, não tenham medo que ninguém se ri
O espaço é nosso.. por isso escrevam para ele...

E ó malta serralheiros da Indústria, principalmente....
Reparem lá no rapaz da foto que tem aí na vossa frente
Quero saber quem é de vocês que se lembra dele...

João Brito Sousa

COSTELETAS DE ONTEM

(café aliança)


por ARNALDO SILVA

É bem sabido que o Homem, na sua inata qualidade de animal gregário, tem que viver em sociedade.
É igualmente bem conhecido que a organização das comunidades de seres humanos é feita à base de diferentes classes sociais. Umas dessas classes têm a fortuna de poder dispor de bens materiais sem restrições, outras nem por isso e outras, ainda, mal conseguem obter os bens indispensáveis à sua sobrevivência. Foi assim, é assim e, infelizmente, continuará a ser assim.

Os governos de hoje têm assumido o propósito, hipócrita ou não, de promover uma menor disparidade entre as actuais classes sociais. Movidos por esse desejo decretou-se, entre outros, o direito à educação. Construíram-se Escolas por quase todas as cidades e vilas.

Em tempos idos, meio século atrás, as coisas eram bem mais diferentes. O Algarve punha à disposição dos seus concidadãos apenas duas Escolas Secundárias, uma em Silves e outra em Faro. Eram dois pólos de congregação e afluência de jovens que, impelidos pela vontade dos seus pais, aqui vinham à procura de se preparar para uma vida diferente - para melhor, presumia-se! - daquela que aqueles herdaram dos seus antecessores.

A Escola Tomás Cabreira assumiu assim um papel de elevada importância na formação dos jovens de então que, de Vila Real a Tunes, se viram forçados a confluir diariamente para aqui. De comboio, de autocarro, de motorizada ou de bicicleta para ali eram dirigidos quotidianamente os passos de centenas de jovens, ano após ano, para engrossarem turmas de quase quarenta alunos cada uma.

Foi o meu caso. Inicialmente de Tavira. Nos dois últimos anos, de Messines. De comboio. Com horários que condicionavam os nossos movimentos na cidade e nos roubavam precioso tempo de descanso ou de estudo. Mais, que forçavam a inventar actividades para matar o tempo entre o fim das aulas e as horas de partida dos comboios. Com a permanente e incomoda companhia de dois volumes: a pasta dos livros e a lancheira que, para quem se levantava às cinco da manhã de cada dia, se tornavam detestáveis. Horários que obrigavam a transferir para as horas da iluminação pelo candeeiro a petróleo o pouco tempo disponível para estudar ou fazer os trabalhos de casa!

Mas tinha que ser assim a vida da maioria dos "costeletas" daqueles tempos.
Afortunadamente compensadora, pois a formação recebida na Escola catapultou-nos para a tal vida diferente que os pais desses tempos visionaram para os seus filhos.

Valeu a pena aqueles tempos de "costeleta"!

Arnaldo silva
Felizmente reformado

COSTELETA E GRANDE POETA

(o poeta Casimior de Brito)


LITERATURA

CASIMIRO DE BRITO.

Foi meu colega na Escola Comercial e Industrial de Faro. Se bem que mais velho do que eu e mais adiantado nos estudos, ainda acompanhei com ele num certo período da sua vida. Não conheci o seu valor como aluno, nem nunca supus que o Casimiro chegasse tão longe na poesia. Hoje é um valor seguro na cultura portuguesa. Seguem alguns dados pessoais.

Nasceu em Loulé, em 1938. Viveu a sua infância na região algarvia e frequentou a Escola Comercial de Faro. Depois de uma passagem por Londres, em 1958, fundou e dirigiu com António Ramos Rosa os Cadernos do Meio-Dia (1958-60), onde se revelaram os poetas do grupo Poesia 61.
Fixou-se em Lisboa em 1971, desempenhando funções no sector bancário, depois de ter vivido três anos na Alemanha.

Poeta, romancista e ensaísta, tem cerca de 40 livros publicados. Foi Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Escritores e é actualmente Presidente do Pen Club. Dedica-se hoje exclusivamente à escrita e continua a desenvolver uma intensa actividade como divulgador da poesia nacional e internacional. É co-director da revista luso-brasileira Columba e responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional Serta.
Entre outros prémios, Casimiro de Brito recebeu o Grande Prémio de Poesia APE pelo livro Labyrinthus (1981) e o Prémio Internacional de Poesia Léopold Senghor (2002).


DO POEMA

O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes —

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema.

Canto Adolescente, 1961
Recolha de
João Brito Sousa