(alunos de uma Escola)
O fenómeno subjacente às designações que os moços que estudavam no Liceu e na Escola se atribuíam de “bifes” e “costeletas” é mais complexo do que à primeira vista parece.
Tudo parece circunscrever-se a uma questão de natureza simplesmente económica, que, em parte, também é.
Não devemos esquecer que nos primórdios da industrialização, quando deixou de ser apenas necessário um ensino rudimentar e formal, a aristocracia começou a assegurar aos seus descendentes escolas de superior qualidade, que lhes garantiam lugares de direcção técnica, enquanto os filhos das classes menos abastadas tinham de contentar-se com lugares de subalternidade.
A origem das desigualdades posteriormente evidenciadas nos “bifes” e “costeletas”parece ter estado aí.
Entretanto e isto no passado os filhos das classes menos abastadas ajudava os pais nos seus trabalhos ou andavam a aprender um ofício.
Este espírito foi-se arrastando de tal forma que nos nossos tempos de “Ensino Primário”todos estávamos sujeitos a dois exames – nas 3ª. e 4ª. Classes, correspondentes aos actuais 3º. e 4º. Anos do Ensino Básico – e a exame de admissão ao Ensino Secundário, que alguns de nós acabávamos por fazer ao Liceu e à Escola.
Os mais abonados (os bifes) pretendiam prosseguir estudos universitários e acabavam por ingressar no Liceu, enquanto os outros (os costeletas) pretendiam adquirir habilitações profissionais para o mais depressa possível enfrentarem o mundo do trabalho. Para tanto ingressavam na Escola, estabelecimento que proporcionaram uma notável plêiade de excelentes trabalhadores que em nada desmereceram os conhecimentos muito mais humanísticos dos “bifes”.
Libertário Viegas