(limador) A DEMONSTRAÇÃO
No meu tempo, eu tive nas oficinas o mestre OLíVIIO, o mestre dos mestres, o mestre MENDONCA e o mestre PALMINHA…..que, no ano anterior havia sido nosso colega.
Claro todos nos lembramos dele como mestre e também como grande guarda redes que foi
Falar no mestre OLIVIO eu deixo isso para quem o consiga descrever melhor do que eu o faria.
Mas mesmo assim digo que foi um dos homens que mais me impressionou em toda a minha vida
Mas quero falar aqui de uma ocorrência que presenciei nas nossas OFICINAS
Para quem se lembre, olhando as fotografias que o BRITO SOUSA nos obsequiou, eu diria que as máquinas estão alinhadas um pouco diferentemente do que estavam ha 50 anos mas não muito.
A fresa ARNO ainda esta no mesmo sitio e, ao fundo a direita de quem entra, ainda esta no mesmo sitio o torno CARDIFE a jóia da coroa e a menina dos olhos do mestre OLIVIO…UMA MAQUINA FABULOSA
Só trabalhava nela quem merecia a confiança do grande mestre
Vou lembrar o que se passou. E provável que outros se lembrem também.
Naqueles tempos, imediatamente a seguir ao fim do ano lectivo, o mestre OLIVIO organizava uma exposição dos melhores trabalhos executados nesse ano e, acompanhava a dita exposição com demonstrações nas referidas maquinas para alunos, pais de alunos, outros professores e claro convidados. Para essas demonstrações ele escolhia os nossos melhores e ele sempre estava por perto.
Dizia-se que naquele tempo só quem tinha melhores oficinas era a escola MARQUES DE POMBAL em Lisboa….eu fui lá no meu quarto ano incluído na nossa equipa ao concurso de trabalhos e não me pareceu ser assim…maior era... mas só isso
Nesse dia já longínquo calhou ao FERRO (um que andava sempre com o Salsinha e trabalhou nos Telefones) do qual não me recordo o nome completo, mas sei que morava no ALTO RODES e era primo do nosso grande ANSELMO, fazer a demonstração desse limador, que se vê na fotografia.
A demonstração do funcionamento da maquina era dedicada a uma senhora convidada da nossa professora de português, a Drª CANDIDA a quem nos chamávamos candidamente de “A pescocinho”.
Mas vamos adiante; o Ferro, falava, falava, explicava o melhor que sabia e podia e chegou a altura da demonstração, que começava por descrever um pouco a máquina.
Se olharem a fotografia, ha uma roda que tem pegada uma maçaneta…..ora isso é precisamente o controlo das velocidades do cabeçote que deve ser tanto maior quanto menor o curso do dito cabeçote e vice versa,
Ora, o controlo das velocidades girava sem fim, quer dizer quando atingia o máximo passava ao mínimo creio que me fiz entender. E, é aqui que aconteceu o problema; dando a máximo curso ao cabeçote, a velocidade teria que ser a mínima. Não se sabe como, a velocidade fixou-se no máximo. Quando o FERRO activou a embraiagem, ouviu-se um silvo de fera ferida que entoou por toda a oficina
A Drª CÂNDIDA estava observando mesmo em frente da maquina, o cabeçote disparou e passou-lhe a centímetros da cara….o mestre OLIVIO estava por perto saltou e parou o limador
Fez-se um silencio sepulcral, a palidez invadiu os que estavam por perto e nosso mestre OLIVIO olhou o FERRO e, como grande educador que era, sabia que nada que pudesse dizer ao aluno serviria para o que quer que fosse.
E não disse nada ao aluno... dando-lhe, indirectamente todo o apoio...
São assim os grandes educadores que, felizmente a nossa Escola teve.
Na vida todos aprendemos mais com os erros cometidos do que com os sucessos e, nesse dia o nosso amigo FERRO aprendeu que havia que prestar mais atenção às máquinas que tanto nos ajudam como nos matam se mal manuseadas
Quem se lembra do FERRO? Onde está?
E assim se foi construindo o tal estado de espírito do costeleta, de que fala o Professor AMÉRICO. não é assim professor?.. ..
Por
Diogo
Felizmente no activo.