quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O QUE EU DESEJARIA SER

(frezadoras que podiam ser da oficina do Zé Estelino)

SERRALHEIRO MECÂNICO
Título publicado no Jornal "A Açoteia" nº 3 ANO I - 1962

A minha maior ambição é conseguir ser serralheiro mecânico, ofício que há muito me fascina e de que todos também gostam na minha família.

A ideia de eu vir a ser serralheiro nasceu em mim já há muitos anos, quando eu ainda andava na escola primária e passava o tempo que os estudos me deixavam vago, a trabalhar numa oficina que havia ao pé da minha casa.

Gostei tanto que nunca mais se me tirou da cabeça a ideia de um dia vir a ser serralheiro mecânico.

Quando fiz exame da 4ª classe fui para essa oficina aprender o ofício e só no ano seguinte vim estudar para Faro. Mas, nas férias, vou sempre para lá alguns dias. Quero no entanto, fazer o quinto ano para ser um serralheiro competente e um dia mais tarde poder pôr uma oficina por minha conta, o que eu penso que conseguirei... não ignorando que para tal, ainda me falta percorrer um caminho bem longo onde esbarrarei, por certo com algumas dificuldades.

José Estelino dos Santos Ferreira

(Ciclo preparatório - 16 anos - 2º ano - 2ª turma)

Recolha do
Rogério Coelho

BALADA DA DESPEDIDA


Quem se lembra da Balada da Despedida?


I

Levamos muitas saudades

Da nossa vida escolar

Apesar das crueldades

Que nos fizeram passar

II

Para vencer os abrolhos

Cantaremos vida inteira

Com a saudade nos olhos

Esta modinha brejeira

---


Olha a Escola, olha a Escola

Onde nós tanto penamos

Não é minha, não é tua

É da idade em que a deixamos


Recolha do

Rogério Coelho

AGENDA COSTELETA - ANIVERSÁRIOS


Hoje, dia 30, fazem anos

- Aníbal Guerreiro Correia;
- Drª Sílvia Alves Ribeiro da Costa;
- Armando Martinho Romão.

PARABÉNS
Recolha de Rogério Coelho

UMA FRASE DE MESTRE

UM GRANDE EDUCADOR


"DEITO-ME À NOITE MAIS SÁBIO DO QUE QUANDO ACORDEI DE MANHÃ...

Mestre Olívio.

Nota: Foi o DIOGO COSTA SOUSA, que era da Indústria que me contou esta cena.

Recolha de
João Brito Sousa

ALA BI ALA BÁ BUM BÁ ESCOLA...ESCOLA..ESCOLA

(largo d Sé)

COISAS DA ESCOLA

1 - OS QUE ANDAVAM DOIS A DOIS

Havia alunos da Escola que, por serem muito amigos, andavam sempre juntos

São os caso do Rocha de Santa Catarina e do Zé Emiliano do Rio Seco/ do António José Guerreiro Leonardo de S Brás e do Neves, o filho da Recauchutagem Leopoldo/ do Carlos Alberto Brito Louro Rodrigues dos Braciais e o Armando Pereira Gonçalves, o Armandinho de Faro/ o Ferro do Alto Rodes e o Salsinha da cidade/ os gémeos Octávio de Faro e o Vitinha, cantor, de Faro/ o Cevadinha e o Jaime das Quatro Estradas de Loulé/ o Zacarias do Sítio da Areia e o Januário da Conceição de Faro e outros.....

2 - AS BICICLETAS MOTORIZADAS E A PEDAL.

Creio que a primeira foi o ALPINO do Zacarias. O outro ALPINO que lá havia era do Danilo de Pechão. Havia mais motorizadas mas não me lembro... Bicicletas a pedal havia mais de cem, que se guardavam numa sala ali para o lado das oficinas do Mestre Olívio. Foi lá que eu roubei umas Lâmpadas ao João Canal, que andava lá no recreio a dizer isso.. roubaram-me as lâmpadas...

3- Dr.JOSÉ DE SOUSA UVA e o respectivo método de ensino.

Aqui vai uma pequena história passada, se a memória não me falha, no ano lectivo de 1941/42.

3..1 -BONS TEMPOS

O Dr. Uva, era uma espécie de nosso Pai e dava-nos umas porradas para a gente não se esquecer que a vida é difícil e tínhamos que estudar.

Numa aula de Direito Comercial com ele, na Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira, situada na Rua do Municipio, Vila-a-dentro, logo acima do Arco da Vila e onde hoje está instalada a Polícia Judiciária, a aula era dada numa sala pequena, no 1º andar, com as carteiras em fila encostadas umas às outras, em que ficávamos apertados e encostados uns aos outros, como sardinha em lata.

O Dr Uva dava a aula segurando um longo ponteiro que, da sua secretária onde se encontrava sentado, chegava à parede em frente. Quando fazia perguntas da matéria dada, colocava o ponteiro em cima da cabeça do aluno. Se o aluno respondia bem, colocava o ponteiro em cima de outro. Quando a resposta estava errada apanhávamos uma ponteirada na cabeça. E doía...
Estuda! Dizia ele.

BONS TEMPOS. Eu também apanhei, disse-me quem me contou a história.

3.2- O Dr. UVA DO MEU TEMPO

Eu tive o Dr. UVA p´rá í em 55/ 56, em Noções de Comércio, depois em Direito Comercial e depois em não sei quê.

Quem por lá andou sabe que o Dr. José de Sousa Uva não ensinava nada, o estudo que gerava o conhecimento era baseado na preparação dos cadernos para as chamadas orais. O velho entendia que, enquanto passávamos as matérias para o caderno o pessoal ia aprendendo.

Havia alunos que pediam para ser chamados no primeira aula do período escolar e depois era só sorna.

O desgraçado no meu tempo era o Donaldo do BESC.L . O velho chegava, sentava-se, fazia o sumário e, na sua voz pachorrenta perguntava: há algum voluntário. Não havia nunca ninguém.

Não há!.. então o velho jogava a caderneta ao ar e na queda abria numa ficha de aluno e aquilo era sagrado: venha cá o Pato..

Quem se apressava no primeiro dia de aulas do período para ser chamado era o Alex, ..

Sabem esta: - num exame de Direito Comercial, apareceu lá um tropa para fazer uma oral. O velho tinha mandado colocar uma cadeira em cima do estrado e disse ao candidato para se sentar. O tropa assim fez e assentou as botas nas traves da cadeira. ..
O velho viu e disse: Ouça lá, o senhor é de cavalaria ou de infantaria?
- Sou de cavalaria senhor Doutor.
- Então desmonte.. disse o velho.

Duas notas:.

1 – Tratar aqui o Dr. Uva por velho, não tem nada de pejorativo. O velho é nosso património académico e nós é que fomos a razão de ser da sua existência.

2- Disse-me o João Mário de Moncarapacho que é licenciado em Direito, que fez a cadeira de Direito Comercial praticamente com aquilo que aprendeu na aula do velho.

Portanto...

4 - E do MESTRE GUERREIRO, quem se lembra?..

Uma vez ele disse-me, com um cacete de cartão nas mãos: - Toma lá dinheiro e vai comprar um maço de cigarros Português Suave, ouviste? E não me apareças cá sem o tabaco. Mas eu apareci porque não havia o tabaco que o Mestre queria, e disse, bem ia a dizer, porque o Mestre arreou-me logo uma ripada com o cacete de cartão ..

João Brito Sousa..