quinta-feira, 1 de maio de 2008

RECORDAÇÕES DE UM COSTELETA


MEMÓRIAS DO 1º DE MAIO
por João Vitorino Mendes Bica

A leitura do blog “os costeletas” tem tido a virtude, entre outras, de rebuscar no baú do passado e trazer ao consciente memórias que o tempo já tinha preterido. Uma delas respeita ao dia 1º de Maio.

Com o enquadramento político vigente, o 1º de Maio era o dia do estudante. Em meados da década de cinquenta, alguns de nós costeletas encontrámos uma forma de comemorar “condignamente” esse dia, começando por ir á Escola sim, mas não às aulas. Não me recordo de todos os que constituiam o grupo, que era aberto a quem quisesse alinhar mas recordo-me do Neto Firmino, do Joaquim Marcos Gregório, do Zé Maganão, do Sares Reis, dos eternos rivais o Rodrigues e o Santa Luzia, entre alguns mais.

Da maneira que cada um pudesse, ao longo do ano construíamos um mealheiro para no dia de Maio nos divertirmos. O meu esquema de poupança era simples: com os cinco escudos que recebia para o almoço na cantina da Escola, de vez em quando baldava-me, ia á padaria da esquina junto ao tio Felizardo e comprava um pão saloio a meias com outro colega. De seguida o tio Felizardo se encarregava de encher o meio saloio com as cavalas de conserva e, com mais um copito (pequeno) de vinho, estava feito o “almoço”. Nestes dias o almoço incluia uma prática errada mas, diriam os psicólogos, necessária à aprendizagem da vida: o almoço terminava com um dos três cigarros “três vintes” que o tio Felizardo nos vendia por cinco tostões. Poupava quinze tostões e assim ia construindo a minha contribuição para o mealheiro.

Na manhã do dia de Maio, com o dinheiro que tinhamos juntado, comprávamos uma garrafa de “bebida fina”, geralmente anis escarchado e vários bolos e outros componentes mastigáveis e lá íamos nós, o grupo do Maio, pela rua fora junto á Alameda João de Deus, para as salinas. E ali ficávamos, comendo, bebendo, conversando, rindo (geralmente muito a partir de certa altura) numa amena e divertida cavaqueira com temas de conversa que já não me recordo mas que não deveriam andar longe do que eram as conversas de jovens de 15, 16 anos, isto é, futebol, miúdas, escola (pouco, que o dia era de diversão).

Quando já não havia mais nada que comer e beber, começavam os planos sobre o que fazer com o dinheiro que havia sobrado. Geralmente a conversa era curta porque terminava invariavelmente com um passeio de visita às salas de bilhar da baixa de Faro, o Acordeon e.... o outro não me lembro. Era geralmente neste que ficávamos. Aguardávamos bilhar livre ou, se já houvesse, davamos início á jogatana que nos levaria até á hora de cada um rumar a suas casas no transporte que normalmente utilizava de forma que pudesse chegar a casa à hora habitual. Nada podia falhar. Se não houvesse bilhar vago, ficávamos deliciados observando a mesa de snooker onde invariavelmente nesse, como noutros dias, dava espectáculo um dos melhores jogadores de snooker ou bilhar às três tabelas, que por ali vimos passar: o Filomeno Sebastião Boinho. Recordo-me de outro bilharista que por ali também parava e atraía a nossa atenção: o José Luís da luta livre que não era grande jogador mas atraía a nossa atenção por ser grande noutra arte que preenchia o imaginário de jovens da nossa idade.

Voltando ao nosso bilhar e às condições em que era jogado, era frequente o taco “espirrar” ou as bolas saírem da mesa, mas nunca rasgámos um pano.

E assim íamos comemorando o nosso dia de Maio. No dia seguinte tudo voltava ao normal. As aulas, os intervalos com os jogos de tabuínha com medo do contínuo sr. Armando, as chamadas ao quadro, os exames escritos, o sofrimento antes de conhecer os resultados , enfim, a normalidade que ajudou a formar os homens e mulheres de hoje.

Esta era uma ESCOLA. Onde imperava a normalidade e o respeito (a Escola tinha um Director; sabia-se quem mandava). Onde imperava a preocupação de alunos e professores com o futuro dos discentes e o êxito dos docentes porque, o êxito destes, era a garantia de um melhor ensino e de um melhor futuro para aqueles.

Por isso ficaram com nome na história a Tomás Cabreira, a Machado de Castro, o Pedro Nunes, a Fonseda Benevides e outras.

Mas isso eram as escolas do passado!

Publicação de
João Brito Sousa

REGRESSO À ESCOLA




Isabel Coelho



Como de costume conseguimos realizar a festa do aniversário da nossa Associação, o 17º, no dia 26 de Abril na nossa Escola.
Foi muito digna e concorrida. Eramos 80 Costeletas. É sempre o retorno à nossa Escola com almoço convívio na cantina e como sempre bem servido.
O Presidente do Conselho Executivo deu-nos o seu apoio e incentivo no discurso que fez. Os nossos Presidentes, o Joaquim Teixeira da Assembleia e o Libertário Viegas da Direcção, reconfortaram-nos, também, com as suas palavras.
Estavam presentes, como sempre, alguns colegas de Lisboa o Felix, o Piloto e a Clarisse.
O prémio do Melhor Aluno de 2006-2007 foi entregue à aluna Verónica Moreno pelo representante do Patrono, Professor Américo, o Costeleta josé Felix.
A festa, muito bem abrilhantada pelo costeleta Engenheiro Luciano Vargues à viola e cantada com letras de Zeca Afonso, pela Rosinda Vargues sua esposa, cantou e encantou.
O discurso muito sentido e fluente pelo Jornalista e costeleta João Manjua Leal, referindo-se ao perfil do Professor Américo, levou-nos a recordar a nossa adolescência de há 50 anos e a garbosidade do nosso Professor de então e à amizade que perdura ao longo destes anos. As palavras emotivas do João Leal, falando dos muitos outros Costeletas, em especial do nosso Franklim Marques, ex-Presidente da Associação, e que fez nascer e crescer o nosso Jornal “o Costeleta”, fizeram-me sentir um vazio enorme pela falta do nosso Franklin, que sempre compareceu ao aniversário da Associação, porque, sinto que ele é muito importante para todos nós, um amigo, um crítico, um costeleta dos quatro costados que, por falta de saúde, não nos tem acompanhado fisicamente mas, no nosso coração e espírito sempre está e permanecerá.
A eles, Profesores Américo e Franklin o ALABI! ALABÁ! ESCOLA! ESCOLA! ESCOLA! HURRÁ! HURRÁ! HURRÁ! Vibrado emocionalmente por todos os presentes, e proposto pelo João Leal com os desejos de que Deus lhes dê a saúde necessária para continuarem na nossa companhia.

A Vice Presidente Isabel Coelho

FALANDO DO PROFESSOR AMÉRICO

José Coelho Jerónimo




Porque a altura é propícia para se falar do Patrono do Prémio Melhor Aluno 2006-2007, publicamos o texto que o nosso associado Nº 218 nos enviou

Fiz o Curso Comercial da exemplar e mui prestigiada Escola Tomás Cabreira nos primeiros anos da década de 40. Nessa altura ainda não existia a disciplina de Educação Física e, por isso, não tive o mesmo privilégio que outros costeletas depois tiveram, de ter como mestre de Educação Física o conceituado e estimado Prof. Américo.
É bom que se diga que nessa época se podiam contar pelos dedos as escolas secundárias ou liceus do país que dispunham de ginásios devidamente equipados para a prática desportiva.
Mas, teria eu 12 ou 13 anos, quando foi colocado no Liceu de Faro o primeiro professor de Educação Física. Era um indivíduo de cerca de 30 anos, de estatura média, aparentando muita força. Digo isto, porque assisti ao seguinte: na casa de duas idosas senhoras onde se hospedou, foi necessário deslocar de uma sala para outra um piano bastante pesado. As senhoras chamaram dois indivíduos para essa tarefa, mas chegados ao local não conseguiram sozinhos tirar o piano. Então, o Professor pegou num lado do piano e os dois homens do outro lado e lá levaram o dito para outra sala.
Mas voltemos ao Prof. Américo, a figura principal deste apontamento. Certo dia, em reunião de Professores para atribuição de notas aos alunos, discutia-se a expulsão de um aluno mal comportado, sem aproveitamento escolar, já repetente, sendo um mau exemplo para o normal funcionamento de Escola. Então o Prof. Américo, sensível ao seu profundo humanismo, pediu aos colegas que acedessem a dar uma última oportunidade ao rapaz. Ele, Prof. Américo se encarregaria de tentar corrigir o insubordinado costeleta. Aceite o solicitado, o Prof. Américo estabeleceu um programa para o aluno com uma actividade física tão carregada que só restaria o tempo suficiente para as aulas e o estudo das respectivas matérias. O resultado final desta apreciável estratégia, foi a modificação do aluno para o lado bom, concluindo o curso, vindo depois a residir no Barreiro onde ficou a chefiar a contabilidade de uma importante empresa e veio a revelar-se um bom chefe de família. Para além da vertente humana sobressai também a eficiente acção psicológica do Prof. Américo, que foi fundamental para a recuperação do aluno.

Parabéns Prof., deste costeleta que, aos 18 anos veio para Lisboa sem ter frequentado qualquer ginásio no Algarve. Passados 2 anos foi convidado a associar-se ao Ginásio Clube Português e pouco depois integrado na Classe Especial de Homens dirigida pelo Prof. Reis Pinto, com várias deslocações pelo país, uma ida a Angola em 1957 e outra a Madrid em 1959. Anos mais tarde desempenhou o cargo de Director das Actividades Gímnicas do mesmo Clube, acompanhando diversas classes ao estrangeiro inclusive numa ida a Macau e China, em 1983. Desculpem este desabafo final mas é o resultado de pertencer ao insigne e grande Ginásio Clube Português, pioneiro da Educação Física em Portugal.
Colocado por Rogério Coelho

ANIVERSÁRIOS DE ASSOCIADOS COSTELETAS



Fazem anos no mês de MAIO

01 - Maria Madalena Mendes Maia Ferreira; José de Sousa Guer­reiro; António Filipe Vairinhos da Silva; Maria Filipa de Brito Mariano Rodrigues Domingues. 02 - Júlio Bento Piloto; Eduardo José Pa­checo Mendonça; Maria dos Remédios Basílio Mendes; Maria Teresa Guerreiro Gomes Rodrigues. 03 - José Augusto Piloto. 04 - António Joaquim Martins Molarinho. 05 - Máximo Cabrita Oliveira; Jorge As­censão Mendonça Arrais. 07 – João Manuel Lisboa; Laura Correia Almeida Teixeira; Joaquim José Costa; José Coelho Jerónimo. 08 - Manuel Miguel Bordeira Casinha; Maria José Viegas Conceição Fraqueza; João Acácio Soares Correia. 9 - Maria do Carmo Vítor da Silva Gabadinho. 10 - Manuel Vital Fernandes Fer­reira; Maria João Sousa Quintas; Vitaline Maria Estêvão Ferreira. 11 - Fernanda Maria Mendes Maia Cruz; Luisa Maria Correia Martins; Maria do Carmo Soeiro Gerónimo

PARABÉNS A TODOS!

Colocado por Rogério Coelho

QUEM SE NÃO LEMBRA DELE?


ZÈ PALMINHA

Era um bonitão. As moças do seu tempo adoravam falar com o Zé.

Fez parte da geração dos “INESQUECÍVEIS” que passaram pela Escola, como o Júlio Piloto, o Bernardino Martins, o António Júdice, o Victor Caronho, o Custódio Julião de Carvalho, o Zeca Bastos, o João Malaia e outros....

Fez o Curso Industrial e foi Mestre de Oficinas na Escola.

Treinou o João Vitorino Bica e levou-o a guarda redes da selecção da Escola.

É um bom amigo.

Texto de
João Brito Sousa

MEIO DE TRANSPORTE COSTELETA


O COMBOIO CORREIO DAS 5 da MANHÃ

Os alunos que não viviam na cidade de Faro, para se deslocar há cinquenta anos para a Escola, faziam-no quase todos, através do único meio de transporte que existia nessa época: o comboio Correio, que chegava a Faro às sete horas da manhã.

Esta exigência da vida dos alunos da Escola, que foram crianças também, só é possível ser contada por um deles, porque só eles sentiram na pele e viveram os acontecimentos, porque, se for eu a contar aqui, a coisa perde força, porque eu já ouvi contar isso e não vivi, vou recontar e portanto, o impacto será menor.

A coisa começava em Messines e vinha por aí fora até Faro. Apesar de ser bastante cedo, a rapaziada não se fazia rogada e à chegada estava fresca como uma alface, apesar de há momentos atrás, os pais tivessem tido a maior das dificuldades para os preparar para a Escola. .

Falta fazer essa homenagem a todos os Pais, mas sobretudo aos Pais destes alunos, que ao frio, calor ou outra temperatura qualquer, preparavam os filhos e os lançavam para a vida, melhor, para o comboio das cinco da manhã.

Estas crianças foram uns heróis, porque iam todos os dias e vinham todos os dias do e para o seu local de trabalho, que era a Escola. E nunca disseram não. E se apenas alguns se licenciaram, todos conseguiram um bom modo de vida.

Às vezes, quase não tinham tempo para dormir, o mesmo para estudar, porque o comboio estava a chegar. Disse-me o Firmino Correia Cabrita Longo, que residia nas Fontainhas de Albufeira, aí a uns bons dois quilómetros da estação, que muitas vezes vinha pela linha, por ser mais perto, porque tinha que apanhar o comboio.

E a mãe a dizer-lhe, tem cuidado meu filho... olha o comboio. Como ficava aquele coração de Mãe?!...

Alguém terá de contar estas histórias para o blogue.

Têm a palavra, melhor, a caneta, o Honorato Viegas no percurso Messines/Faro; no percurso Vila Real de Santo António/Faro o João Vitorino Mendes Bica.

Texto de
João brito SOUSA