quinta-feira, 1 de maio de 2008

FALANDO DO PROFESSOR AMÉRICO

José Coelho Jerónimo




Porque a altura é propícia para se falar do Patrono do Prémio Melhor Aluno 2006-2007, publicamos o texto que o nosso associado Nº 218 nos enviou

Fiz o Curso Comercial da exemplar e mui prestigiada Escola Tomás Cabreira nos primeiros anos da década de 40. Nessa altura ainda não existia a disciplina de Educação Física e, por isso, não tive o mesmo privilégio que outros costeletas depois tiveram, de ter como mestre de Educação Física o conceituado e estimado Prof. Américo.
É bom que se diga que nessa época se podiam contar pelos dedos as escolas secundárias ou liceus do país que dispunham de ginásios devidamente equipados para a prática desportiva.
Mas, teria eu 12 ou 13 anos, quando foi colocado no Liceu de Faro o primeiro professor de Educação Física. Era um indivíduo de cerca de 30 anos, de estatura média, aparentando muita força. Digo isto, porque assisti ao seguinte: na casa de duas idosas senhoras onde se hospedou, foi necessário deslocar de uma sala para outra um piano bastante pesado. As senhoras chamaram dois indivíduos para essa tarefa, mas chegados ao local não conseguiram sozinhos tirar o piano. Então, o Professor pegou num lado do piano e os dois homens do outro lado e lá levaram o dito para outra sala.
Mas voltemos ao Prof. Américo, a figura principal deste apontamento. Certo dia, em reunião de Professores para atribuição de notas aos alunos, discutia-se a expulsão de um aluno mal comportado, sem aproveitamento escolar, já repetente, sendo um mau exemplo para o normal funcionamento de Escola. Então o Prof. Américo, sensível ao seu profundo humanismo, pediu aos colegas que acedessem a dar uma última oportunidade ao rapaz. Ele, Prof. Américo se encarregaria de tentar corrigir o insubordinado costeleta. Aceite o solicitado, o Prof. Américo estabeleceu um programa para o aluno com uma actividade física tão carregada que só restaria o tempo suficiente para as aulas e o estudo das respectivas matérias. O resultado final desta apreciável estratégia, foi a modificação do aluno para o lado bom, concluindo o curso, vindo depois a residir no Barreiro onde ficou a chefiar a contabilidade de uma importante empresa e veio a revelar-se um bom chefe de família. Para além da vertente humana sobressai também a eficiente acção psicológica do Prof. Américo, que foi fundamental para a recuperação do aluno.

Parabéns Prof., deste costeleta que, aos 18 anos veio para Lisboa sem ter frequentado qualquer ginásio no Algarve. Passados 2 anos foi convidado a associar-se ao Ginásio Clube Português e pouco depois integrado na Classe Especial de Homens dirigida pelo Prof. Reis Pinto, com várias deslocações pelo país, uma ida a Angola em 1957 e outra a Madrid em 1959. Anos mais tarde desempenhou o cargo de Director das Actividades Gímnicas do mesmo Clube, acompanhando diversas classes ao estrangeiro inclusive numa ida a Macau e China, em 1983. Desculpem este desabafo final mas é o resultado de pertencer ao insigne e grande Ginásio Clube Português, pioneiro da Educação Física em Portugal.
Colocado por Rogério Coelho

1 comentário:

  1. PARABÉNS AO JOSÉ COELHO JERÓNIMO pelo excelente texto.

    Aqui lhe deixo um abraço de solidariedade.

    João Brito SOUSA

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