quinta-feira, 8 de maio de 2008

QUEM ERA TOMÁS CABREIRA?

Tomás Cabreira


A nossa Escola Secundária é Tomás Cabreira. A nossa Associação dos Antigos Alunos é Tomás Cabreira.
Pela força das circunstâncias, e porque a Associação nunca deu o merecido relevo ao seu Patrono, é nosso dever apresentar o currículo daquele que nos deu o nome.
Assim:
Tomás António da Guarda Cabreira, nasceu em Tavira, a 23 de Janeiro de 1865, veio a falecer a 4 de Dezembro de 1918. Era filho do General Tomás Cabreira e de Francisca Emilia Pereira da Silva Cabreira. Neto do ilustre Marechal-de-campo Tomás António da Guarda Cabreira, oficial miguelista que fora agraciado com os títulos de conde de Lagos e visconde do Vale da Mata, o pai era, por sua vez, senhor do morgado do Patarinho, General-de-Brigada e cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis, havendo recebido, ainda, a medalha de Valor Militar.
Depois da instrução liceal que completou em 1881, assentou praça no Regimento de Infantaria em 14 de Setembro do mesmo ano. Segue-se a matrícula na Escola do Exército em 25 de Outubro de 1882, a qual deixou de frequentar, temporariamente, em 26 de Outubro de 1886, quando entra para a Escola Politécnica, onde faz o respectivo curso geral, com excepção da cadeira de Geometria Descritiva..
Antes, havia-se matriculado na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra, em 1883, mas, persuadido em dar continuidade à sua carreira militar (alcançará, de facto, o posto de3 Coronel, em 1918), não prossegue esse curso, preferindo, em 1891, regressar à Escola do Exército, onde se habilita com a carta de engenheiro civil, no ano de 1893. Em 1898, é nomeado, a título definitivo, lente da Escola Poletécnica, depois de ter sido lente substituto provisório da mesma instituição, das cadeiras de Química Mineral e Orgânica.
Mais tarde, veio a ser declarado vogal fundador da Academia de Ciencias de Portugal, onde desempenhou o cargo de segundo-secretário desde 1907 até à sua morte.
Do seu currículo académico, destacam-se, ainda, a obtenção, em 1916, do grau de doutor pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – onde, dois anos depois, é promovido a professor ordinário – e a Fundação da Universidade Popular de Lisboa, criada com o objectivo de ministrar assuntos diversos de utilidade pública. Politicamente iniciou-se no Centro Republicano Vieira da Silva, em 1881, e é considerado, poucos anos depois, como um republicano da esquerda radical, bebendo alguma influência no socialismo. Em 1894, é proposto a deputado republicano pelo circulo de Faro, mas, conquanto fosse eleito, a sua entrada no Parlamento valeu-lhe, anos mais tarde, um destacamento para Trás-os-Montes por parte da hierarquia militar. Enquanto exerceu a função de deputado, durante a Monarquia, participou nos projectos e propostas de lei que, a seu ver, interessavam à vida económica e financeira do país e, procurando criar condições para o florescimento do desejado regime republicano, funda o Grupo Republicano de Estudos Sociais.
Ainda antes da implantação da República, passa, em 1908, pela vereação da Câmara Municipal de Lisboa, onde estará até 1911. Neste mesmo ano, recebe o diploma de deputado à Assembleia Nacional Constituinte e, no ano seguinte, é eleito senador, cargo que exerce até 1913, quando é nomeado, em Setembro, vogal da comissão de estudo do local destinado ao porto franco de Lisboa.
Em 9 de Fevereiro de 1914, é a vez de ser nomeado ministro das finanças, cujo afastamento, verificado em 23 de Junho do mesmo ano, o próprio atribui a alguns dos seus correligionários. Tal facto, leva-o a demitir-se do Partido Democr+atico, a cujo Directório pertenceu, entre 1912 e 1914, e que chegou a dirigir em 1914.
É ainda chamado a integrar o governo chefiado por José de Castro, mas declina o convite, preferindo dedicar-se a actividades extrapartidárias, como sejam a presidência e vice-presidência da União da Agricultura, Comércio e Indústria, que fundou.
Pertencendo à Maçonaria, de que veio a ser presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano Unido, acaba, no final da vida, por se aproximar dos ideais conservadores.
Ao mesmo tempo que ocupou um lugar de notariedade na Associação dos Jornalistas de Lisboa e na Associação da Imprensa Portuguesa, foi autor de uma obra extensa, dela se destacando os títulos sobre matérias económicas e financeiras, como o Problema Financeiro e a sua solução (1912), O Problema Bancário Português (1915), A defesa Económica de Portugal.
Reconhecido o mérito do político, do professor, do militar e do homem que foi Tomás António da Guarda Cabreira, e tendo em atenção o sentir de todos os algarvios, o Conselho Escolar da Escola Comercial de Faro, solicitou que este fosse designado seu patrono.
Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira.
Assim o determinou o Governo da República através da portaria nº 2.576 de 17/1/1921, como justa homenagem à sua vida e obra; e é na mesma linha de coerência e pela portaria nº 608/79, de 22 de Novembro (D.R., I Série, nº 270, de 22/11/79, que a então “Escola Industrial e Comercial de Faro”, passou a designar-se por “Escola Secundária de Tomás Cabreira”, nome que mantém actualmente, homenagem encadeada que muito honra a comunidade educativa actual

Pesquisa, captação e colocação de Rogério Coelho.

Dr. QUEIROZ, UM PROFESSOR COSTELETA

O Dr. QUEIROZ,
veio da Escola de SILVES e deu-nos aulas de LITERATURA , baseadas na sebenta do A. J. Saraiva e do Óscar Lopes. Teve bom aproveitamento porque eu, o Firmino Cabrita, o Luciano Machado, o Zé Andrés, o Manuel Jacinto Paul Anka, a Celina Inácio e a Fátima Oliveira fizemos admissão ao Instituto Comercial de Lisboa com apoveitamento.

Eu a Helena Caravela e a Teresa Xufre, fizemos ainda exame de admissão ao Magistério Primário, igualmente com aproveitamento.

O Domingos Morgadinho e o João Mário entraram na Universidade por outro via, com a literatura que aprenderam com o Dr. Queiroz.

UMA AULA DO Dr. QUEIROZ, era mais ou menos assim.

Meus amigos , vamos estudar o texto lietrário.

E o Prof, começava:

"Um texto, é literário, quando consegue produzir um efeito estético e quando proporciona uma sensação de prazer e emoção no receptor."

Vejamos este naco que escreveu Raul Brandão.

OLHÃO de RAUL de BRANDÃO

Tenho de atravessar o Alentejo isolado e concentrado, para chegar ao Algarve. É uma província farta, mas a aparência esquelética, a árvore triste a quem arrancam a pele em vida, o monte solitário, meteram-me sempre medo. È a terra do ódio. Tudo em que a gente põe a vista é duro e hostil. Ainda o Alto Alentejo quer sorrir- mas o sorriso fica em meio, reservado e triste..

Os pinheiros mansos agrupam-se e conversam baixinho uns com os outros para fugirem à solidão do deserto ...

No Baixo Alentejo, porém, os sobreiros, a cor da terra esfarrapada, o céu esbranquiçado, as lascas de pedra que reluzem como vidros negros e polidos, enchem a alma de monotonia e pesadelo Uma grande fumarada levanta-se no fundo do deserto..

Os homens não se podem ver; um abismo separa o trabalhador do proprietário, que goza em Lisboa e que lhe deixa de vez em quando uma folha para desbravar. Desbravada, tira-lha. E esta solidão redu-lo a atroz realidade. Fica só e o ódio, sob a abóbada de pedra que encerra o extenso panorama, entregue ao tempo que não passa, `a morte que não vem, à secura das almas,

Excelente...

Raul Brandão, um autor que recomendo.

Publicação de
João Brito Sousa