domingo, 18 de maio de 2008

ANIVERSÁRIO DE ASSOCIADOS COSTELETAS






Em Maio fazem anos:



19 -José Francisco de Jesus Gabadinho; Reinaldo Santana Viegas; Bertino Sequeira Nunes. 20 - João Gonçalves Fernandes Resende; Joaquim António Ramalho. 21 - Franklin Ascensão Rodrigues Marques (já falecido); António José Santos Pereira. 22 - Belmiro Afonso Soares; Isilda Maria Gonçalves Teixeira; António Manuel Lindo Macedo. 23 - Maria Elsa Santos Palmeirinha. 25 - Maria Ana Marcos Ramos Cunha; Madalena Gregório Jorge Guerreiro; Romana Maria Dores Grelha Melo.



Pesquisa e colocação de Rogério Coelho

NAQUELE TEMPO...






Maurício Severo Domingos

Retalhos da vida da cidade de Faro






Contado pelo "Costeleta" Mauricio Severo Domingues



Viviam-se os anos quarenta e frequentava o 1º ano da Tomás Cabreira, no Largo da Sé, junto ao Seminário. FARO, a cidade mais importante do Algarve, a sua Capital, era centro de quase toda a actividade comercial, industrial e cultural da provincia.



A Escola Industrial e Comercial Tomás Cabreira e o Liceu João de Deus, junto à Alameda, eram praticamente os únicos Estabelecimentos de Ensino Oficial de todo o Algarve, e ainda a Escola Comercial de Lagos, cujos alunos vinham de Portimão, Messines, Olhão, Cacela, Tavira e Vila Real de Stº António. Era o comboio, a EVA, a Empresa Rodoviária Sotavento do Algarve que transportavam esses alunos durante o ano lectivo até à cidade.



A vida na cidade era calma, sem problemas de maior, os Cafés encerravam à meia noite, desconheciam-se as "Boites", as discotecas, a vida nocturna e outras actividades que o "progresso" instalou nos nossos hábitos. Pouco se falava da guerra que alastrava por todo o mundo, nem tal nos era permitido pelo regime instalado. A apatia era total e os poucos locais de lazer eram a praia de Faro, ainda sem ponte, para onde os veraneantes iam aos fins de semana num barco a motor, o "Isabel Maria", que partia do Cais da Porta Nova de manhã e ao entardecer fazia a última viagem de regresso à cidade. Além do Cinema Stº António e alguns cafés, poucos lugares havia para distrair a rapaziada, destacando-se o Café Aliança, ponto obrigatório da "malta" para beber um café ou um copo de água de Monchique, que se bem me lembro, custava vinte centavos (dois tostões) o copo.



Os Criados de Mesa, como se dizia na altura, eram simpáticos e condescendentes para com a "malta" da Escola (lembro-me do grandalhão -" Joaquim das Iscas") que ia fazer uma partidinha de bilhar, na sala ao lado, sempre vigiada pelo empregado e ainda o proprietário do Café e do Hotel Aliança situado na Rua da Marinha - o Senhor José Pedro da Silva - que se passeava pelas instalações à laia de fiscal.



O Café tinha um recanto onde se juntavam todos os dias os negociantes de amêndoas, alfarrobas e figos sêcos, que a rapaziada apelidava de "A BOLSA" dos montanheiros, onde se faziam grandes negócios e por vezes uma "partida" de amêndoas era vendida e revendida a seguir, sem que existisse uma amêndoa sequer!!! Entretanto, os vários intervenientes nos negócios iam ganhando dinheiro e só o vendedor finalista é que se tinha de desenrascar para arranjar as amêndoas. "Naqueles tempos" a vigarice já existia !!



O Sr. Francisco Pegos ( Chico Pegos) que o poeta popular Antonio Aleixo imortalizou nas suas quadras (Intencionais) tinha uma mesa "reservada" que todos nós conhecíamos pelas grandes cuspidelas que o grotesco negociante mandava para o chão, amareladas e cheias de baba, pegajosas, resultantes das pontas do charuto que mastigava enquanto fumava. Uma autêntica porcaria !



Várias outras figuras faziam "estação" junto do Café Aliança; eram o "Tóquim", o "Arpanço". o "Limpa-a-Proa" e outros que faziam pequenos recados, transportavam mercadorias e encomendas dos comerciantes da Rua de Stº Antonio para ganhar uns tostões.



O "Limpa-a-Proa"- homem alto e espadaúdo, possante, tinha pretensões a jogador de boxe e muitas vezes era escolhido pelo Circo instalado no Largo Lettes, junto ao Teatro , para transportar e colocar na esquina do Café Aliança os Placards com o programa do espectáculo. Tinha livre tânsito no Circo e lugar cativo na " Geral " á borla, claro, pois por vezes o gerente organizava uns combates de boxe, nos intervalos, para entreter os espectadores. " O Limpa-a -Proa" ganhava sempre ao Palhaço .



O "Arpanço", com deficiência e mal formação dos pés, já de nascença, nunca usou sapatos ou botas em toda a sua vida, andando sempre descalço. Também ele era frequentador do circo, beneficiando do mesmo estatuto do "Limpa-a-Proa", por distribuir os panfletos e outra propaganda do Circo por toda a baixa da cidade.



Uma noite, com a casa cheia, o Circo apresentou um programa de trapezistas, num número bastante arrojado e pedia-se muito silêncio para o momento em que o artista fazia o seu trabalho. A assistência seguia em silêncio o trabalho do artista e um tambor rufava baixinho para chamar a atenção do público. Nisto houve-se um forte espirro vindo da "geral", seguindo-se o comentário do autor do espirro : Porra ! Não posso saír um dia descalço constipo-me logo!! Toda a gente olhou para a Geral e viu que a expressão era do "Arpanço", que todos conheciam pela sua deficiência e que sempre andou descalço. Uma enorme gargalhada ecoou, sem que houvesse qualquer problema para o trapezista.



A graça correu célere por toda a cidade no dia seguinte.



Alguém se recorda disto ?



Coisas do antigamente que nunca mais esquecem.




Maurício Severo Domingues (com residência no Estoril)




Recebido e colocado por Rogério Coelho

BOM DOMINGO FELICIANA


HÁ TANTO TEMPO QUE NÃO A VIA...

Lá do Patacão
Ainda se lembra
da tasca do PASSOS,
do senhor MARTINS
da sacor
E do Ismael JANEIRA e
da irmã
E das minhas tias
filhas do José APOLO
da Fatinha do Guarda ROCHA
da Violante do INÁCIO MORENO
e do LUÍS GATINHAS
do AMÉRICO DO VALE
e de tantos outros.

Dia 8 lá estaremos, se Deus quizer.

UM BOM DOMINGO PARA TODOS.

João Brito Sousa