sábado, 7 de junho de 2008

À CONVERSA COM O COSTELETA


JÚLIO BENTO PILOTO


Quando eu cheguei à Escola Comercial de Faro em 52/53 estava o Júlio Piloto de saída. Era um jovem bem constituído fisicamente e lembro-me que as colegas traziam o Júlio debaixo de olho.


Estive em LISBOA há uns dias atrás e fui jantar à Rua dos Correeiros, ao restaurante do Alfredo Teixeira, onde a malta costuma juntar-se, na primeira terça feira do mês. Naquela noite estavam lá no jantar o Alfredo Pedro do BNU, o Teófilo Carapeto, Gestor, o Sebastiana de S. Brás o desenhador Zé Paixão, o Carlos Gomes e três jogadores da equipa de futebol da Escola, o Honorato Viegas do BNU, camisa 7, Zeca Bastos que jogava a trinco e era o primeiro vértice do losango e Júlio Piloto camisa 6, que jogava no lado direito do losango no meio campo.

Conversamos um bocado e deu nisto.

Júlio, os teus tempos de Faro?


Em Faro passei a minha juventude. Não há coisa melhor que ser jovem, jogar à bola, nadar, ir à praia, namoricos, ir aos bailes com a malta, enfim, é uma idade da qual todos nós temos saudade, aguentamos tudo, eu não me lembro de ter estado alguma vez doente quando era puto, as brincadeira com os outros moços, são tudo coisas que a gente não esquece. A juventude é uma coisa maravilhosa..

E figuras de Faro desse tempo?

É pá, tanta gente. O Marreco engraxador, O Tóquim, o Caça Brava, o Cartaxo fotógrafo, o Seita, fotógrafo à la minute, o Vieguinhas e o Pardal dos jornais, o Coelhinho das pevides, o Russo dos sorvetes, a velha dos bolos, o Ti Felizardo, o senhor Marmota da Mocidade Portuguesa, o 20 de Janeiro e os Artistas eu sei lá....

E saudades.. como é?

Sempre que posso vou a FARO. Foi lá que me fiz homem, tenho lá as minhas raízes. Frequentei a Escola Comercial e Industrial ao pé da Alameda e depois vim para Lisboa jogar à bola nos juniores do Benfica, nos tempos do Barroca a guarda redes, do António Mendes, que jogava a dez, e tinha um pontapé tremendo, olha, era quando o Sporting tinha aquela grande equipa de juniores com Correia Branco, Bispo, Sampaio, Jorge Mendonça e Coutinho. Mas a gente ganhava aos tipos.

Mas também jogaste na equipa da Escola, não foi?

Joguei, claro, eu é que dinamizava aquilo tudo, orientava os equipamentos, a bola, marcava o campo para a gente ir jogar, naqueles jogos com o Liceu, eu é que tratava daquilo tudo pá. Eu era o maior pá.

Como era a equipa?

Tínhamos uma boa equipa, a guarda redes era o Malaia, a defesa direito o Joaquim Petroleiro, a central o Caronho, quarto de defesa o Bastos, a defesa esquerdo o Pinto Faria, a médio direito eu, Piloto, extremo direito o Nuno, a interior direito o Jacinto Ferreira, a avançado de centro o Parra, interior esquerdo o Puskas e a extremo esquerdo o Queixinho. Era uma grande equipa..

O orientador era o professor Américo não era?

Sim, o professor Américo foi o Pai de nós todos. Foi ele, praticamente que nos educou.. Foi um grande amigo para nós todos.

Na tua opinião qual foi o mais completo desportista da cidade de Faro.

Bem, Faro teve grandes atletas, mas penso que o mais ecléctico de todos deve ter sido o Rosa Nunes. Em futebol foi dos melhores jogadores do Farense e ainda jogou no Portimonense e depois foi bom no baskett, no bilhar, ping pong onde foi campeão do Algarve, era campeão de xadrez, foi árbitro de futebol tendo arbitrado uma final da Taça de Portugal no Jamor entre o Benfica e o Porto. Foi um atleta não esquecer.

A tua vida hoje, como é?

Estou bem. não devo nada à vida nem a vida me deve nada a mim. Sou empresário na área da beleza, responsável por 220 postos de trabalho e 11 estabelecimentos, como vez .. investi ... ganhei... é a vida

Mais coisas sobre ti?

Olha, joguei à bola no Vianense, no Chaves, Oriental, Torreense, Sambrasense, joguei em quase todo o lado. Casei, tenho duas filhas e cinco netos que são a minha paixão. Gosto de brincar com os putos.

Queres deixar alguma nota final?

Olha, sei que vais ao almoço e por isso te peço para dares lá um abraço à malta por mim e não se esqueçam do nosso grito... ALABI... ALABÁ... BUM... BA... ESCOLA, ESCOLA.. ESCOLA.

Texto de
JOÃO BRITO SOUSA