quinta-feira, 19 de junho de 2008
VOU ESTAR FORA 4/5 DIAS
PARA O MAURÍCIO COSTELETA
UM BIFE QUE É POETA; VIEIRA CALADO
A POESIA DE VIEIRA CALADO
Moce ... é de Lagues....
Vieira Calado é natural de Lagos. Estudou no Liceu em Faro no meu tempo e é hoje um consagrado poeta.
A poesia de Vieira Calado, vai para além de nós, disse o poeta Manuel Madeira, meu amigo e do Vieira.
Aí vão alguns dos seus poemas .
1 - Bar da noite
Cigarros voam por cima dum balcão
em movimento
à beira da vertigem
prolongada pelo fumo.
Evapora o tempo dentro dos copos
cheios de névoa
abundantes do ar
que respiramos com os olhos.
Correm os fluidos no pensamento absorto
em labaredas de palavras.
E tudo é a efervescência dos dias vagos
imersos numa taça de marfim
no dia noite
por onde passam os instantes
que refazem o discurso das origens
obs - A criação de imagens é fabulosa.; decifremo-las... pensando . Há que aprender com os Mestres..
2 - NU TEMPO
Somos, pois,
apenas personagens do exercício de passar
pelo espaço que julgamos ser o nosso tempo –
como poema escrito nos interstícios do vento.
Porque o poema coabita o espaço,
é sua emanação desde antes de qualquer coisa ser.
Apenas conhece as fronteiras promitentes do futuro
no seu contínuo espaço/tempo, sem era e cem limites,
que num abraço longínquo une o sangue ao sangue,
na ampulhetas dos dias apartados.
Porém, és tu que dás corpo à dependência
da tua sede de utopias e delírios
.
como numa emoção estética
somos nós quem dá vida a um quadro intemporal,
o prémio de entender a passagem ímpar dos corpos
pelos dias.
OBS - É preciso saber ser poeta.... para se fazer esta obra.
3 -PELA ESTRADA LISA
Pela estrada lisa num cavalinho de rodas em flanela
que baloiçava entre céus e mar
rumorejando folhas breves de memórias e de imagens,
o meu cavalinho era o meu amor verdadeiro
a exacta ciência deste rio a doçura esbelta das manhãs;
pela estrada havia árvores que voavam como pássaros
entrando pelo mar adentro vogando deslizando
para além do que o devaneio promete aos sonhos
para além do que foi aquela terra chã dos meus avós
que também por aqui passaram noutros tempos
deixando um indelével rasto do fogo das estrelas
com que me revejo neste dia sem mácula,
este caminho perpétuo de longos olhos azuis.
OBS - Para além do que foi aquela terra chã dos meus avós.
4 - PÓ
Um dia acende-se o vazio do palco
cai o pano sobre o pó
evaporam as palavras dos teus olhos
um pássaro boceja à beira do tempo
depois
não haverá antes nem depois
apenas um silêncio
um perfume ecoando pelo vale
uma folha dolorida levada pelo rio.
E uma citação d eSócrates, o grego.
Se alguma vez quisermos ter um pouco
de conhecimento de qualquer coisa,
é necessário separar-nos dela e olhar
apenas com a alma, as coisas em si mesmas”
Sócrates
COMENTÁRIO:
A poesia de Vieira Calado é moderna, porque rompe com a rima e a métrica, que foi muito utilizado no passado.
A poesia de Vieira Calado cria imagens para que nós as desvendemos e põe-nos a pensar e assim ajuda-nos a compreender o mundo.
A poesia está ao serviço da Humanidade que, ao interpretá-la está a aprender a viver. A poesia exige dedicação estudo e compreensão dos outros.
A poesia de VC está na linha de grandes autores como Fernando Pessoa.
A poesia moderna é hoje reconhecida, apreciada e respeitada como um trabalho artístico de grande mérito.
A poesia bem feita, o verso bem engendrado tem a mesma finalidade da poesia antiga.
Ela está igualmente atenta aos sentimentos, paixões, revoltas, tristezas, desenlaces, etc.
Mas não basta que haja ruptura com a métrica e com a rima para que um trabalho seja considerado um poema, é preciso elaboração, sensibilidade poética e emprego dos sentidos e sentimentos humanos.
A poesia, se não tem valor poético, nada significa.
E a poesia de Vieira Calado, tem esses ingredientes todos.
Há quem a acuse de não ser inteligível. Mas penso que será.
João Brito Sousa
PARA O MAURÍCIO VELHO COSTELETA
CENAS da CIDADE DE FARO
Estamos em Faro, no jardim ao pé do Coreto, onde o Seita tinha a loja das fotos à la minute, o Vieguinhas o quiosque onde vendia jornais, gelados e outros e, por ali, estavam permanentemente, dois engraxadores, que além de engraxar os sapatos aos clientes, vendiam jogo de lotaria da Casa da Sorte..
Os engraxadores eram o Macarinho e o Marreco, bons profissionais da pomada, ambos amigos do Sidónio escultor, que ensaiava passos de dança com eles lá no jardim nos fins de tarde.
Aló Macarinho... e enquanto se voltava para trás o Sidónio escondia-se e aquilo era uma festa.
Era assim aos fins de tarde no jardim Manuel Bívar..
A massa chegou para quatro anos. Faz hoje sessenta anos que voltaram ao jardim com a caixa da graxa. A grana acabou. Mas chegaram sorridentes. ...
O Sidónio estava lá e perguntou: Manos e o denhero???
Qual denhero móh... fomos a Aymonte, metemos conversa com duas espanholas, alugamos uma carruagem só para nós no comboio correio e fomos té ao Porto móh...
Mano.. foi até aqui... e punham a mão aberta na garganta ... e riam a bandeiras despregadas.
A melhor foi quando o revisor veio pedir os bilhetes. Aquele mano ali.. estava no truca truca.....
Com a mão aberta na garganta.... riam e riam e riam..
Texto de
João Brito Sousa
OBSERVAÇÃO COSTELETA
Eu sou o Vinebaldo Evangelista Ferradeira Charneca,outro
montanheiro,confesso que fiquei muito confuso no ultimo almoço
convívio dos costeletes do dia 8 do corrente, porquanto, todos os
oradores durante o evento,falaram sobre a Tomaz Cabreira, sobre a
Industrial e Comercial de Faro, sobre a João de Deus e ninguém falou
da Serpa Pinto.
entrei para o Serpa Pinto em 1950 depois de ter feito um exame de
admissão, fui aluno do 1º 3ª onde andava toda a malta montanheira, na
sua maioria, especialmente aquela que vinha no combóio correio que os
trazia desde Tunes e Almancil até Faro o combóio vinha do Santa
Apolonia.
o Tefê e chegavam a Faro ás 6 da manhã estes eram da minha turma
porque havia outros de outras turmas, estou a lembrar-me do Cuco do
Palma da Inês enfim, muitos deles já não devo conhece-los.
2º ano do ciclo, altura em que se deu a transição, a Tomáz Cabreira
era na Sé as obras onde iria ser a Escola Industrial de Faro já
tinham começado, já lá estava o ginásio no 1º ano da Industria, isto
em 1952/3 passamos a ter oficinas no quintalão da Sé ( pertença da
diocesse) e o resto das disciplinas nas novas instalações, onde fora
a Serpa Pinto entretanto demolida ( era um edificio amarelo) no topo
da Alameda cuja entrada era ao lado da Escola com um arruamento
ladeado por alecrim devidamente tratado que mais pareciam muros.
não consigo juntar o nome á pessoa. Penso que foi em 1954/5 que todos
passaram a ter as aulas no novo edificio da Escola Industrial e
Comercial ao cimo da Alameda (Onde hoje se encontra) contudo, ignoro
quando recuperou o nome de Tomaz Cabreira.
fiquei confuso com as informações fornecidas pelos ordores,
especialmente pelo agora Director da Escola Tomaz Cabreira e, em casa
tirei as minhas duvidas,fui finalista em 1955%6, fui para Alverca
onde fiz parte do grupo que accionou a sirene para o pessoal largar o
serviço a quando da visita do general Delgado ás OGMA, tive muitos
problemas por isso na altura, posteriormente fui para a KLM e depois
para a TAP .
minha existência, sou empresário, armeiro, na minha terrinha Pechão,
onde resido e me sinto muito bem.
ignoram a história da ESCOLA, mas os mais novos devem saber destas
coisas e, segundo deu para eu entender, não mostraram o minimo
conhecimento desse facto, daí a minha confusão e como tal lanço aqui
o meu alerta
e o do Hernani, depois apareceu o Reinaldo Moreno, o João tinha um
Alpino.