quarta-feira, 25 de junho de 2008

POESIA COSTELETA


POESIA
da costeleta Zélia Cabrita


FANTASIA

No fundo dessas ruas que percorro,
Por trás de cada esquina que ultrapasso,
Existe o fantasma que não agarro
Que persegue o meu passo,
Que encarnou em mim, já não sei quando ...

Tu és o fantasma de quem fujo,
A quem, dias a fio tranco as portas,
Para que a tua imagem, nas horas mortas,
Não torne a mim jamais!

Pobre ilusão, poder anular a imagem tua,
Como se isso possível fosse....
Se eu sou mais eu, dormindo
E ela vem tão mansinho, sorrindo,
Quebrar a realidade,
Matar a saudade,
Fazer duns momentos, que acordada não seriam,
Esse pouquinho de felicidade...
Meu fantasma impossível,
Espreitando-me em cada rua.
Passaram tantos anos que nãosei.

Se tudo não foi ilusão minha,
Se existisse nalgum entardecer,
Se me chegaste a conhecer,
Se me falaste,
Se a imagem que tinhas
É a mesma que hoje continua
A assediar a minha vida,
Em todos os minutos dos meus dias,
Em todos os cantos da minha rua!....

COMENTÁRIO

A poesia da costeleta Zélia Cristina encerra dentro de si qualquer mágoa inerente à sua condição de mulher. É uma poesia construída num discurso de verso livre, em estilo colegial espontâneo, próximo do falar quotidiano, fluente simples e natural mas magoado
Mas é poesia e bonita, disse dela o poeta Manuel Madeira.

Publicação de
João Brito Sousa