quarta-feira, 22 de abril de 2020



COSTELETAS CUJA LEMBRANÇA É UMA SAUDADE

O MESTRE GUERREIRO E A D. MARIA DO CÉU


Era um casal de referência para a nossa Escola e, de certa maneira também para a cidade de Faro de então (anos 40 e 50 da centúria transata). Não só pelo de­sempenho das funções pedagógicas com que exemplarmente se haviam, como pelo seu aprumo cívico e moral numa sociedade havida como conservadora. Eram-no tam­bém pelas suas diferenças tisicas, sobretudo na altura e que ao invés do amor e géne­rosidade que era seus denominadores comuns, esta era bem oposta. O Mestre Guer­reiro era alto e espaduado e a sua dedicada esposa, D. Maria do Céu, o diametralmen­te diferente. Mas esta e outras diferenças tisicas eram superadas pelas excelsas quali­dades de que ambos eram dotados e pela afetividade e dedicação que, na vida, os u­nia. O Mestre Guerreiro, nunca o nome completo lhe soubemos, era o pedagogo da oficina do Curso Industrial de Carpinteiro, Marceneiro e Construção Civil, que fun­cionava no Largo da Sé e de que, entre alunos, me lembro dos louletanos, mais tarde também Mestre Mário Rodrigues Pereira, que foi meu professor na Escola Serpa Pin­to; do José António Guerreiro Cavaco, vice - presidente da Federação Portuguesa de Futebol e presidente da Câmara Municipal de Loulé e do empresário Manuel Cavaco. AD. Maria do Céu ministrava a cadeira de Lavores às alunas do Curso de Formação Feminina. Da autoria dos «costeletas» que foram seus discípulos saíram verdadeiras obras de arte, que conquistaram prémios e mereceram justificados louvores nos Sa­lões de Estética e Exposições Escolares. Julgo que, no espólio da nossa Escola, ainda existe uma bela colcha/ toalha bordada à Castelo Branco (?) saída de uma das turmas das «meninas da Formação Feminina» dirigidas pela lembrada D. Maria do Céu. Este casal de professores «costeletas», sempre presentes nas atividades circum - escolares, quando se exigia a participação de um docente, era-o de uma dedicação exemplar. Moravam num primeiro andar, por sobre a loja de máquinas de escrever e material de escritório do Sr. Gonzalez, no gaveto das Ruas do Compromisso e da Rua A, que se chamou também do Dr. Oliveira Salazar e era, mais do que tudo conhecida, antes do alargamento, por «Rua do Peixe Frito». Saudades destes Mestres que o foram em to­da a aceção da palavra!

JOÃO LEAL

LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM





«UM CRIME PASSIONAL E A REFORMA DO CABO ANTÃO»
DR. ANTÓNIO CARVALHO
Neste tempo de quarentena, tão inclinável à leitura, uma revisita às instantes, trou­xe-me às mãos, o livro «Um crime passional e a reforma do Cabo Antão», em grande parte vivido na Costa Vicentina, onde o seu autor, o médico António Carvalho exercia então (Fevereiro de 2006) a atividade clínica em Sagres. Profundo conhecedor da região e resi­dindo, desde há anos em Lagos, teve assim a sua estreia literária, reconstituindo algumas das histórias («Umas carregada de dramatismo, outras pelo contrário bem divertidas ... »), vividas na prática médica. De seu nome completo António Fernando Tavares de Carvalho nasceu na Cova da Piedade (Almada), a 8 de Janeiro de 1955 e frequentou a Faculdade de Medicina de Lisboa, onde se licenciou em 1981. Refere que as razões que motivaram a es­crita deste «Um crime passional e a reforma do Cabo Antão» foram:« ... tomar possível aos homens e mulheres comuns, gente de todas as categorias sociais, que nos procuram no dia a dia das consultas, das urgências hospitalares, ficarem a saber como nós médicos, ve­mos as coisas do outro lado, do nosso, dos que escolheram esta profissão, e também deixá­los penetrar um pouco nos «bastidores», naquilo que está por detrás do pano, e que geral­mente não tem oportunidade de saber».

«VIA LUCIS - NOS CAMINHOS LUMINOSOS DA REDENÇÃO» 
PADRE CARLOS DE AQUINO
Natural de Vila Real de Santo António, onde nasceu a 27 de Maio de 1969, o Padre Carlos Manuel Patrício de Aquino (pároco «in solidum - Moderador de Loulé) é au­tor de várias publicações de orientação litúrgica, entre as quais a recente «Via Lucis - Nos caminhos luminosos da Redenção», editada pelo Secretariado Nacional da Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa. Trata-se de «uma proposta de oração que, paralelamen­te à Via Crucis, introduz na contemplação do Ressuscitado, através das 14 estações». As 89 páginas da obra deste sacerdote algarvio, que foi ordenado em Dia de São Pedro e São Paulo (29 de Junho) do ano de 1993 e é o Coordenador Diocesano do Departamento da Pastoral Litúrgica, contêm reflexões inspiradas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.
JOÃO LEAL