COSTELETAS CUJA
LEMBRANÇA É UMA SAUDADE
O
MESTRE GUERREIRO E A D. MARIA DO CÉU
Era um casal de referência
para a nossa Escola e, de certa maneira também para a cidade de Faro de então
(anos 40 e 50 da centúria transata). Não só pelo desempenho das funções
pedagógicas com que exemplarmente se haviam, como pelo seu aprumo cívico e
moral numa sociedade havida como conservadora. Eram-no também pelas suas
diferenças tisicas, sobretudo na altura e que ao invés do amor e génerosidade
que era seus denominadores comuns, esta era bem oposta. O Mestre Guerreiro era
alto e espaduado e a sua dedicada esposa, D. Maria do Céu, o diametralmente
diferente. Mas esta e outras diferenças tisicas eram superadas pelas excelsas
qualidades de que ambos eram dotados e pela afetividade e dedicação que, na
vida, os unia. O Mestre Guerreiro, nunca o nome completo lhe soubemos, era o
pedagogo da oficina do Curso Industrial de Carpinteiro, Marceneiro e Construção
Civil, que funcionava no Largo da Sé e de que, entre alunos, me lembro dos
louletanos, mais tarde também Mestre Mário Rodrigues Pereira, que foi meu
professor na Escola Serpa Pinto; do José António Guerreiro Cavaco, vice -
presidente da Federação Portuguesa de Futebol e presidente da Câmara Municipal
de Loulé e do empresário Manuel Cavaco. AD. Maria do Céu ministrava a cadeira
de Lavores às alunas do Curso de Formação Feminina. Da autoria dos «costeletas»
que foram seus discípulos saíram verdadeiras obras de arte, que conquistaram
prémios e mereceram justificados louvores nos Salões de Estética e Exposições
Escolares. Julgo que, no espólio da nossa Escola, ainda existe uma bela colcha/
toalha bordada à Castelo Branco (?) saída de uma das turmas das «meninas da
Formação Feminina» dirigidas pela lembrada D. Maria do Céu. Este casal de
professores «costeletas», sempre presentes nas atividades circum - escolares,
quando se exigia a participação de um docente, era-o de uma dedicação exemplar.
Moravam num primeiro andar, por sobre a loja de máquinas de escrever e material
de escritório do Sr. Gonzalez, no gaveto das Ruas do Compromisso e da Rua A,
que se chamou também do Dr. Oliveira Salazar e era, mais do que tudo conhecida,
antes do alargamento, por «Rua do Peixe Frito». Saudades destes Mestres que o
foram em toda a aceção da palavra!
JOÃO
LEAL
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