quinta-feira, 29 de outubro de 2009

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO


RECORDAR CIDADÃOS FARENSES


A cidade de Faro é e sempre foi parca em acontecimentos sociais, que motivassem grande aglomeração de farenses. Por isso, recordo alguns que marcaram profundamente a minha (nossa) juventude:
- A passagem do General Humberto Delgado pela cidade e o ajuntamento de milhares de pessoas na baixa, com alguns mais afoitos transportando o general em ombros, até ao Hotel Aliança.
- A subida do Sporting Clube Farense à primeira divisão nacional, pela "batuta" da família Guerreiro. Quando o autocarro que transportou os jogadores chegou à baixa, eram milhares de farenses a saudá-los, vitoriando o enorme feito desportivo.
- A procissão de Sexta-feira Santa , vulgarmente apelidada pelo povo como procissão do Senhor Morto, que saía anualmente da Igreja da Misericórdia, também juntava (e junta?) na baixa e nas ruas por onde passava, centenas de pessoas.
- Na época carnavalesca, especialmente no mês que antecedia os três dias de festejos de Carnaval, às Quintas-Feiras e aos Sábados, as ruas de acesso às colectividades que recebiam mascarinhas - Artistas, Musical, Grémio, Farense, Ginásio, Sport Lisboa, etc - enchiam-se de milhares de farenses para as ver passar, receber uma carícia e festejar com um " Olá Mascarinha, quem és tu?"
Esta introdução, pretende recordar um evento, que reuniu igualmente milhares de pessoas, e que embora não fosse de festa, foi pelo menos de curiosidade.
Lembram-se do Sr. Oliveira? Quem era? Tipógrafo de profissão, exercia a sua actividade na denominada "Tipografia dos Padres", sita na Rua Tenente Valadim, na qual viveu o saudoso Padre José Gomes da Encarnação, e hoje ocupada pela cosmopolita "Via Valadim". Para quem não se recorde, ou esteja ausente de Faro há muito tempo, é a rua que dá acesso ao Largo da Palmeira, vindo da Rua de Santo António, e que nós frequentávamos nas idas ao salão de bilhares "Olímpico".
O Sr. Oliveira era de "boas famílias" e pessoa respeitadíssima na cidade.
Certo dia, alarma-se a cidade porque o Sr. Oliveira tinha sido preso e ia para a cadeia nessa tarde, a determinada hora. Junta-se então a população às centenas (milhares talvez), no largo da cadeia e nas ruas adjacentes - Rua da Boavista e Rua Serpa Pinto. Chega finalmente o Sr. Oliveira, em viatura da GNR e é entregue ao carcereiro, ao tempo o Sr. Francisco Manuel, pai do Sr. António Manuel, conhecido comerciante da Rua de Santo António.
Móbil do crime que deu voz de prisão ao Sr. Oliveira:
- Durante muitos anos, o Sr. Oliveira frequentou o cinema e outras sessões públicas, visualizando os frequentadores e seus hábitos. Posteriormente, escolhia a casa a assaltar, sem que nunca ninguém tivesse suspeitado de tal "actividade" extra profissão. Foi descoberto e condenado porque encontraram em seu poder, centenas de chaves (cópias integrais, das que correspondiam às casas que tinham sido assaltadas) e em sua casa, os bens que havia subtraído aos respectivos donos.
E assim era Faro, em tempos idos: Do melhor e do pior se fazia "festa"!

Jorge Tavares
costeleta1950/56

8 comentários:

  1. ALÓ JORGE,

    Vejo que ainda tens a memória afinada.

    Está bem descrita a peça, de tal modo que parece estar a ver o sr. Oliveira e o carcereiro.

    Dos acontecimnentos todos que narras, a procisssão do senhor morto, na sexta feira à noite, era o maior.

    A malta encostada à parede e passavam,
    .
    o Mota Pereira com o João Botelheiro (olá Mota olá João), o Zé Félix com o Jaime Reis, o Zé Guta com o Figueiredo Jorge, o Alberto Rocha e o Zé Emiliano, o Vergílio com o Quaresma e por aí fora.

    Vou escrever um texto sobre isso para mandar.

    Só um pormenor, o salão de bilhares da rua dos Cavalos, parece-me chamar-se UlÍMPICO.

    Mas não tem importância. Evocar a rua e recordar o salão é que é importante.

    Como diza o outro, l´ímportant c´ést la rose.

    Um ab.e parabens pelas evocações.
    João BRITO SOUSA

    ResponderEliminar
  2. Jorge.
    Como estás tu?


    Nesse tempo de família reunida à hora das refeições não tínhamos o aperitivo do telejornal que nos servisse em bandeja todos os acontecimentos do dia.
    Mas as noticias, naquela pequena cidade de província corriam céleres.
    Lembro-me desse escândalo.
    Se me permitires, eu acrescento que o Snr. Oliveira como tu dizes tipografo de profissão, nesta qualidade, entre outras peças compunha para o jornal, (Algarve, Correio do Sul ou Folha do Domingo) não me recordo qual, compunha dizia eu, uma informação salvo erro denominada - partidas e chegadas- onde se noticiava não só quem saia da cidade mas também quem a visitava.
    Por isso teve conhecimento que a família Lã, casa assaltada, se ausentara da cidade.
    Na Rua Bocage, onde tudo ocorreu, por baixo do Lã, morava outra família também conhecida, os Roques, que deu pela tramóia e colaborou na detenção.

    Um abraço

    Jaime Reis

    ResponderEliminar
  3. Meu caro Jorge
    Da procissão, recordo, quando era "moce", ia todos os anos com a minha mãe na procissão com uma vela.
    Também fui ao estádio de S. Luis no último jogo cdo Farense em que subiu à 1ª Divisão.Recordo os bombeiros de picareta a cavarem o chão do estádio, como se fosse a primeira pedra, para colocar a relva. E a grande bebedeira que apanhei, que mem me recordo como fui para a cama. Um delírio!
    Lembro-me da audiência do ladrão "Oliveira". Era um mar de gente cá fora do tribunal, não cabiam lá dentro. Mas parece-me que esse Oliveira tinha uma loja de relojoaria ali ao pé da Brazileira
    Recordações...
    Um abraço
    Alfredo Mingau

    ResponderEliminar
  4. ÓHI...

    Partidas e chegadas no jornal do Algarve.. lembro-me bem disso.

    Ab.

    JBS

    ResponderEliminar
  5. Olá estimados costeletas,

    O jornal que impresso na tipografia era a Folha de Domingo, que hoje ainda se publica e no qual o nosso costeleta Manjua Leal é grande colaborador.É verdade que havia uma coluna de partidas e chegadas, e o hábito de determinadas classes sociais comunicarem as suas idas e vindas, independentemente das que o próprio jornal sabia antecipadamente.
    Confesso que não me lembro e porconseguinte tenho alguma dificuldade em relacionar o Sr. Oliveira (tipógrafo/larápio) dessa
    loja de relojoaria.
    Obrigado pela vossa participação no texto.
    Um abraço para todos e bom fim de semana
    jorge tavares
    costeleta 1950/56
    Meu caro Jaime,
    Revivi imediatamente esse assalto, bem como uma recordaçao das familias Lã e Roque
    Ob.

    ResponderEliminar
  6. Olá estimados costeletas,

    O jornal que impresso na tipografia era a Folha de Domingo, que hoje ainda se publica e no qual o nosso costeleta Manjua Leal é grande colaborador.É verdade que havia uma coluna de partidas e chegadas, e o hábito de determinadas classes sociais comunicarem as suas idas e vindas, independentemente das que o próprio jornal sabia antecipadamente.
    Confesso que não me lembro e porconseguinte tenho alguma dificuldade em relacionar o Sr. Oliveira (tipógrafo/larápio) dessa
    loja de relojoaria.
    Obrigado pela vossa participação no texto.
    Um abraço para todos e bom fim de semana
    jorge tavares
    costeleta 1950/56
    Meu caro Jaime,
    Revivi imediatamente esse assalto, bem como uma recordaçao das familias Lã e Roque
    Ob.

    ResponderEliminar
  7. Caro Jorge Tavares

    Lembro-me perfeitamente do Sr.Oliveira, o solitário larápio
    que durante muito tempo enganou
    muita gente.
    Residia com a família, se a memória não me falha, numa casa
    do Largo do Carmo ,à esquerda,
    para quem está defronte para a
    igreja. Creio que era irmão de um Padre e trabalhava na Tipografia dos Padres na Rua Ten.
    Valadim.
    As suas deslocações periódicas a
    Lisboa a seguir aos assaltos e a
    frequência com que visitava as
    casas de penhores, em Lisboa, aler-
    taram a Polícia que , a partir daí,
    o vigiava . A prisão deu-se a
    seguir.
    O seu comportamento e boas
    relações que mantinha com as pessoas davam-lhe certa credibili-
    dade na cidade,.
    A própria Polícia, nas primeiras
    averiguações, tinha dúvidas de que
    ele era o gatuno procurado. Nas
    idas a Lisboa passou a ser seguido
    pela Policia até às casas de penhores onde ia colocar o produto
    dos roubos, e só então as dúvidas
    desapareceram.
    O "Solitário"trabalhava só, o
    que dificultou muito a acção da
    Policia. Também não havia os meios
    de investigação que há hoje.

    Um abraço do MAURICIO DOMINGUES

    ResponderEliminar
  8. Caro Jorge

    Ainda sobre o "Solitário"
    Oliveira, devo dizer que este nada
    tem com o Sr. Oliveira , relojoeiro, que tinha a oficina na
    Pontinha. Este Senhor , muito
    boa pessoa tinha duas filhas, uma
    delas foi professora na Tomás
    Cabreira. A mais nova era loura,
    bonita figura, e casou com o Eugénio Leote que morava no Bom-
    João.
    O "Solitário" tinha um ou dois
    filhos, era de facto tipógrafo e
    morava no Largo do Carmo numa casa
    térrea que julgo ter sido demolida
    para dar lugar a um Edificio Públi-
    co, ligado ào Desemprego, Serviço
    Social, ou outro Organismo do Estado.
    Julgo ter tirado a dúvida do
    Jorge Tavares.

    Um Abraço do Maurício

    ResponderEliminar