quarta-feira, 16 de novembro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



O 5 DE OUTUBRO E O SR. COSTA PINTO

Era um republicano dos quatro costados e um

oposicionista «fichado» que em efeméride históricas lá

ia passar uns tempos levado pela polícia política. O sr.

Costa Pinto, sempre o conheci em avançada idade,

exercia o seu mister de carpinteiro numa pequena

oficina, na Avenida da República, que antes se chamou

de Rainha Dona Amélia, ali bem perto da estação

ferroviária.

Homem honesto e recto, foi pai exemplar, além de

outros filhos do Tenente General António da Costa

Pinto (último Governador de Damão), com referência

toponímica nesta cidade e do Renato da Costa Pinto,

uma alma de moço meu amigo, que chefiou a

Secretaria da Escola Secundária de Loulé.

Mal despontava a manhã o do 5 de Outubro

(Implantação da República), então sem qualquer

comemoração oficial era da tradição o Sr. Costa Pinto

fazê-lo de uma forma insólita e original. A miudagem

da Ribeira, hoje chamada de Bairro Ribeirinho, também

o sabia e ocorria de rente á oficina, atraída pelos

rebuçados que na véspera o referido senhor comprava

nas vizinhas mercearias do «Zé da Avó» ou da

«Senhora Ermelinda», ambas na Rua dita da Parreira

(oficialmente Rua Gil Eanes).

Perante a gaitagem perfilada e cantando «A

Portuguesa» o sr. Costa Pinto fazia içar a Bandeira

Nacional. Claro que, ainda antes da Bandeira subir ou

dos rebuçados serem distribuídos já a polícia política

estava a desmanchar a celebração, a fazer fugir a

malta e a levar consigo o lembrado republicano.

Histórias de outros tempos de Faro e do seu

«Bairro Ribeirinho (a Ribeira).

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