O «7 DE OUTUBRO»
Não tem o significado de uma efeméride histórica ou mundana
notáveis, nem um sentido nacional ou universal, dignos de registo. Mas
faz parte importante do nosso universo de vida e de lembrança.
Sete de Outubro, era naqueles distantes tempos, o ingresso pela vez
primeira, como que o início de uma recruta no mundo do aprender, na
escola primária, então chamada «régia» (por haver sido criada no período
quase final do regime monárquico.
Uma ansiedade na espera de tal data, um estádio de interrogações e
o almejar de um mundo novo, de diversos tons e referências irreverentes.
Fizemo-lo em 7 de Outubro de 1944 (decorria então esse sangrento
conflito, de que os homens parece terem perdido o sentido trágico, que
foi a II Grande Guerra Mundial), ufano da bata branca que vestíamos
como uma bandeira de paz num mundo novo.
Fomos para o nobre edifício da Rua Serpa Pinto, no vulgo a Rua da
Cadeia, onde antes funcionara a Escola Normal (depois Magistério
Primário), que após a extinção da escola pelos novos estabelecimentos de
São Luís (Rua João de Deus) e do Carmo (Largo da Feira), se transformou
na sede da «Protecção ás Raparigas) e onde hoje é um qualificado
estabelecimento hoteleiro. Tina uma porta de saída para a Rua Baptista
Pinto, que era confinante com o recreio.
Tivemos como professora uma distinta e dedicada mestra, a D.
Maria Carrilho, três palmos de gente mas um gigante na difícil e nobre
arte de ensinar. Foi-o até á 4ª classe, com um empenho e uma dedicação
invulgares, que chegava ao ponto de levar, na parte da tarde, a turma para
sua casa, situada junto ao actual Palácio da Justiça e aí prosseguir a
instrução matinal. Fazia parte de uma geração de professores, a cuja
memória prestamos a mais saudosa homenagem e de que, entre outros,
agrupava os Professores «Sãobrazinhos - dois irmãos benquistos) e
Ferradeira (então já com uma só perna), as Professoras D. Júlia Moreno, D.
Felicidade, D. Francisca Guerreiro, D. Júlia Pessanha e outros «mestres»
cujos nomes já não nos ocorre. A «contínua», como era designada a
auxiliar educativa dos nossos dias, era a paciente Sra. Marta.
Ali na Escola da Rua Serpa Pinto fizemos grandes amizades,
algumas das quais foram esfriando ou desaparecendo ao longo da longeva
vida de mais de oito décadas.
Recordar o «7 de Outubro» é um passeio saudoso ao longo de
muitos anos, quando foram
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