segunda-feira, 19 de junho de 2023

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



«COSTELETAS QUE EU CONHECI...»

O MANEL PASSOS


Unia-nos para além dos laços familiares, uma estrita

amizade reforçada por essas escolas que frequentámos: o

escutismo e a Tomás Cabreira. O Manuel Henrique Passos, de

seu nome completo, foi um daqueles algarvios quase anónimos

que muito quis e fez pela Terra-Mãe. Tinha mais uns anos do

que eu, mas tal nunca foi barreira para me unir ao filho da tia

Maria Passos, que tinha uma mercearia na Rua de São Pedro e

do tio «Afonso Costa», que outro nome para além do apelido lhe

conheci, tais as parecenças fisionómicas com o conhecido

político da I República. Cedo o Manel se fez à vida indo chefiar a

Casa do Povo de Paderne, o que lhe permitiu uma forte amizade

com o abastado benemérito padernense Comendador Libânio

Correia. Naquela típica terra do barrocal algarvio teve diversas

e meritórias iniciativas, entre as quais a criação da Colónia

Balnear Infantil em Albufeira. Era na «cidade branca em mar

azul», nuns velhos armazéns junto à então FNAT (hoje Inatel)

que a mesma funcionava e proporcionava umas salutares férias

à beira-mar a centenas de moços vindos do interior algarvio. Ali

fomos monitores, alunos que o éramos do Magistério Primário,

eu e o sempre saudoso Prof Franklim Marques, dos maiores

amigos que na vida tive. Mais tarde o Manuel Passos rumou a

Lisboa trabalhando com aquele empresário algarvio e criando a

sua firma própria, os então famosos «Grande Armazéns do

Norte». em Benfica e dedicada ao sector mobiliário. Foi então

que surge o Presidente da Direcção da «Casa do Algarve»,

Casa-Mãe dos algarvios radicados na capital e arredores, desde

há anos, desaparecida. Com ele o valioso e, infelizmente nunca

concretizado projecto da sede própria e Lar do Estudante

Algarvio em terreno cuja cedência obteve da Câmara Municipal

de Lisboa. Lutou por esta causa denodadamente, procurando

imiscuir as autarquias locais e alcançar os necessários apoios

que, diga-se a verdade, nunca teve. A saída da Casa do Algarve

das instalações na Rua Capelo, ao Chiado, do imóvel

propriedade da Rádio Renascença e a não aceitação do

reduzido espaço na Avenida da Liberdade, constituiu mais um

rude golpe no gigantesco sonho do sempre lembrado Manuel

Passos.


Recordá-lo na passagem do aniversário natalício (18 de

Junho) é uma homenagem mais do que merecida a quem teve

um sonho em prol do Algarve.

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