«COSTELETAS QUE EU CONHECI...»
O MANEL PASSOS
Unia-nos para além dos laços familiares, uma estrita
amizade reforçada por essas escolas que frequentámos: o
escutismo e a Tomás Cabreira. O Manuel Henrique Passos, de
seu nome completo, foi um daqueles algarvios quase anónimos
que muito quis e fez pela Terra-Mãe. Tinha mais uns anos do
que eu, mas tal nunca foi barreira para me unir ao filho da tia
Maria Passos, que tinha uma mercearia na Rua de São Pedro e
do tio «Afonso Costa», que outro nome para além do apelido lhe
conheci, tais as parecenças fisionómicas com o conhecido
político da I República. Cedo o Manel se fez à vida indo chefiar a
Casa do Povo de Paderne, o que lhe permitiu uma forte amizade
com o abastado benemérito padernense Comendador Libânio
Correia. Naquela típica terra do barrocal algarvio teve diversas
e meritórias iniciativas, entre as quais a criação da Colónia
Balnear Infantil em Albufeira. Era na «cidade branca em mar
azul», nuns velhos armazéns junto à então FNAT (hoje Inatel)
que a mesma funcionava e proporcionava umas salutares férias
à beira-mar a centenas de moços vindos do interior algarvio. Ali
fomos monitores, alunos que o éramos do Magistério Primário,
eu e o sempre saudoso Prof Franklim Marques, dos maiores
amigos que na vida tive. Mais tarde o Manuel Passos rumou a
Lisboa trabalhando com aquele empresário algarvio e criando a
sua firma própria, os então famosos «Grande Armazéns do
Norte». em Benfica e dedicada ao sector mobiliário. Foi então
que surge o Presidente da Direcção da «Casa do Algarve»,
Casa-Mãe dos algarvios radicados na capital e arredores, desde
há anos, desaparecida. Com ele o valioso e, infelizmente nunca
concretizado projecto da sede própria e Lar do Estudante
Algarvio em terreno cuja cedência obteve da Câmara Municipal
de Lisboa. Lutou por esta causa denodadamente, procurando
imiscuir as autarquias locais e alcançar os necessários apoios
que, diga-se a verdade, nunca teve. A saída da Casa do Algarve
das instalações na Rua Capelo, ao Chiado, do imóvel
propriedade da Rádio Renascença e a não aceitação do
reduzido espaço na Avenida da Liberdade, constituiu mais um
rude golpe no gigantesco sonho do sempre lembrado Manuel
Passos.
Recordá-lo na passagem do aniversário natalício (18 de
Junho) é uma homenagem mais do que merecida a quem teve
um sonho em prol do Algarve.
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