segunda-feira, 19 de junho de 2023

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



RUDE GOLPE NA GASTRNOMIA FARENSE: FECHOU O «RAÍNHA»


Era uma das grandes referências de onde se podia comer bem em Faro.

Durante mais de meio século «O Raínha» foi essa casa de acolhimento.

Recuamos décadas quando o Mestre Raínha deixou as funções de mestre de

navegação em alto mar, desde a doca de Faro a Lisboa, Gibraltar, Tanger,

Huelva, etc. Era o tempo dos mestres que deixaram nome: Onofre Roque,

Caréu, Tira-a-Força e tantos mais quando os barcos de cabotagem (o «São

Fernando», o «Maria Antonieta» e tantos mais) levavam as nossas

mercadorias e trazia-nos outras. Abriu o restaurante «Raínha» no lado poente

do Mercado (Praça Sá Carneiro) e depois «furou» para a Rua de São Luís,

onde ganhou fama e proveito. Era uma tripla de grande valia: o mestre

«Raínha» assava, como só ele o sabia fazer o peixe fresco acabado de chegar

às toldas do vizinho Mercado: as sardinhas, os carapaus, os besugos, no

fogareiro a carvão, saiam que era um prazer e tudo isto a par de uma ementa

regional completíssima; a «vizinha» Luzia dirigia a cozinha e o filho Joaquim

Pedro dos Santos (o nosso sempre lembrado amigo «Nita», dos maiores

amigos que na infância tivemos) tratava da parte comercial. Tinham um par de

clientes fidelíssimos, entre os quais me recordo do Rosa Nunes, «o mais

completo desportista algarvio» ou o João Andrade, professor que foi deputado.

Agora fechado tem afixado um escrito onde informam que reabrirá,

brevemente, com sushi e outros sabores da cozinha nipónica. É extraordinário

o número de restaurantes congéneres que, com comida japonesa, têm aberto

em Faro. Nem sequer a «dieta mediterrânica» tem obstado a que esta

«colonização» prossiga e com público garantido.

Certo, certo, é que o restaurante «Raínha», que se assumiu sempre como

dos «suporters» certos do Sporting Clube Farens fechou as portas e com tal

Faro perdeu um dos seus templos autênticos da verdadeira cozinha algarvia.

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