RUDE GOLPE NA GASTRNOMIA FARENSE: FECHOU O «RAÍNHA»
Era uma das grandes referências de onde se podia comer bem em Faro.
Durante mais de meio século «O Raínha» foi essa casa de acolhimento.
Recuamos décadas quando o Mestre Raínha deixou as funções de mestre de
navegação em alto mar, desde a doca de Faro a Lisboa, Gibraltar, Tanger,
Huelva, etc. Era o tempo dos mestres que deixaram nome: Onofre Roque,
Caréu, Tira-a-Força e tantos mais quando os barcos de cabotagem (o «São
Fernando», o «Maria Antonieta» e tantos mais) levavam as nossas
mercadorias e trazia-nos outras. Abriu o restaurante «Raínha» no lado poente
do Mercado (Praça Sá Carneiro) e depois «furou» para a Rua de São Luís,
onde ganhou fama e proveito. Era uma tripla de grande valia: o mestre
«Raínha» assava, como só ele o sabia fazer o peixe fresco acabado de chegar
às toldas do vizinho Mercado: as sardinhas, os carapaus, os besugos, no
fogareiro a carvão, saiam que era um prazer e tudo isto a par de uma ementa
regional completíssima; a «vizinha» Luzia dirigia a cozinha e o filho Joaquim
Pedro dos Santos (o nosso sempre lembrado amigo «Nita», dos maiores
amigos que na infância tivemos) tratava da parte comercial. Tinham um par de
clientes fidelíssimos, entre os quais me recordo do Rosa Nunes, «o mais
completo desportista algarvio» ou o João Andrade, professor que foi deputado.
Agora fechado tem afixado um escrito onde informam que reabrirá,
brevemente, com sushi e outros sabores da cozinha nipónica. É extraordinário
o número de restaurantes congéneres que, com comida japonesa, têm aberto
em Faro. Nem sequer a «dieta mediterrânica» tem obstado a que esta
«colonização» prossiga e com público garantido.
Certo, certo, é que o restaurante «Raínha», que se assumiu sempre como
dos «suporters» certos do Sporting Clube Farens fechou as portas e com tal
Faro perdeu um dos seus templos autênticos da verdadeira cozinha algarvia.
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