segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

O «MANJUA SAPATEIRO»

     Passou no dia 8 de Dezembro (Domingo) mais um aniversário, o 118º da fundação da prestigiosa Sociedade Recreativa «Os Artistas de Faro».

     Sempre que subia as escadas desta Instituição que tem resistido aos anos e a essa pandemia do fim das sociedades recreativas (20 de Janeiro, Musical, etc.) impressionava-me a fotografia ali colocada como homenagem ao fundador do meu trisavô - neto António José da Cruz Manjua.  Era ao que rezam as «memórias familiares» e coevos que o foram da época que era na generalidade conhecido pelo apelido de «Manjua Sapateiro», sendo um dos mais famosos artífices do sector nos últimos anos do século XIX e nos primeiros anos do século passado. A sua memória foi-me agora renovada com uma extraordinária pesquisa feita pelo sr. João Guerreiro, que a partilhou, como sempre acontece com o que vai descobrindo na Internet. Bem haja! Tudo surgiu a partir de um anúncio publicado num jornal da época (1913), cuja curiosidade me leva a transcrever: «Esta muito reputada sapataria, fundada em 1872, a mais antiga de Faro, possui um grande e variado sortimento de calçado, para homens, crianças e senhoras, que vende por preços extremamente módicos.

Executa qualquer encomenda com a maior rapidez e perfeição! Tem sempre novo e variado sortimento de calçado do mais fino e elegante formato para que o freguês possa escolher o que lhe apraz.»

     A sapataria «mais antiga de Faro» situava-se na Rua Baleizão (?), nºs 21 e 21 - A, mas devia ser muito perto da actual Rua de Santo António. António José da Cruz Manjua, «o Manjua Sapateiro», deixou, para além do destaque na sua profissão o iniciador de «Os Artistas» que têm uma história assinalada - as «Festas da Primavera», os Jogos Florais com a presença de nomes famosos da poética algarvia de então, os bailes carnavalescos e, mais tarde na construída esplanada os «bailes de Verão», a arte cénica (o Jaime Pires, o «Jaiminho da Tabacaria» ou o Rolão, carteiro de profissão e, aos domingos, tocador do carrilhão, «A ceia dos cábulas», «O homem da flor na boca» e tantos outros sucessos...), para além da recheada biblioteca, de que era o «guardião do templo» o ferroviário sr. Caniço (pai do professor Fernando Caniço), os convívios e festanças...

   Um homem («o Manjua Sapateiro») e uma obra (a Sociedade Recreativa Os Artistas) dois símbolos da capital sulina que a pesquisa do sr. João Guerreiro nos fizeram recordar. Bem haj

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