Jorge Tavares
RECORDAR CIDADÃOS FARENSES.
A "instituição" Aliança, representou durante muitos anos um ícone da nossa cidade. José Pedro da Silva, que era dono do Café Aliança, da Mercearia Aliança e do Hotel Aliança ( hoje Hotel Faro ), conseguiu ao longo dos anos, formar profissionais, que marcaram o futuro da vida económica da cidade. Recordo alguns:
- Joaquim das "iscas", que foi profissional do Hotel, e posteriormente abriu o seu Restaurante, a que deu o seu nome, famoso pelas "Iscas com Elas" e "Cataplana de peixe".
- Gabadinho e Guerreiro, de caixeiros da mercearia a seus proprietários, transformaram-na num estabelecimento conhecido por todo o país, pela qualidade dos seus produtos e em particular, pela belíssima confeitaria regional.
- Sérgio e Glória, profissionais do café, posteriormente seus proprietários e que mantiveram ou ampliaram a qualidade do serviço prestado por esta "instituição".
Qualquer destes profissionais/proprietários, seguiram a conduta do mestre, formando também os seus belíssimos profissionais.
O Café Aliança, pela sua frequência e dimensão foi mais propício a pequenas histórias.
Os dois proprietários, ocupavam o lugar por detrás do balcão, dando seguimento aos pedidos dos empregados de mesa - O Sr. Chumbinho, com os seus cabelos brancos e o seu porte, lembrava um mordomo duma casa nobre. O Sr. Manuel, de estatura pequena mas duma eficiência e delicadeza fora do comum, a todos deslumbrava. "Setúbal", mais tarde empregado do Café "A Brasileira", era o empregado da juventude.
Finalmente o sr. Cabeleira "Cepias", ainda vivo, tinha um sentido de humor finíssimo, era a "estrela da companhia".
Na rotina diária do Café Aliança, os clientes sentavam-se, faziam o pedido ao "Cepias", e este prontamente executava. Quando queria a conta, o cliente chamava-o e o "Cepias" correspondia: Fazendo-a com lápis na bandeja e informando o seu valor, seguia-se uma pausa, que antecedia a sua característica frase "MAS NÃO ESTÁ INCLUÍDA, A GENEROSIDADE DE V. EXª.", que Certamente perdura na memória de quantos por lá passaram.
Não termino no entanto, sem outra pequena história.
O açúcar para o café, era servido avulso e em açucareiros. O Sr. Glória, um dos proprietários daquele espaço, tinha muita falta de ouvido e era tido como homem de poucos gastos e tipo "Tio Patinhas". No seu posto de observação, por detrás do balcão, estava sempre atento a tudo, particularmente ao consumo de açúcar. Este pormenor não passava despercebido aos cliente habituais. Determinado dia, servido o café a um cliente habitual que ocupava a mesa dos industriais, intencionalmente este começou a pôr açúcar e mais açúcar sem parar. O Sr. Glória não aguentou. Saiu do balcão dirigiu-se ao cliente, e com a voz anasalada, própria da falta de ouvido, disse: "Porra, não chega já de açúcar?" O cliente olhou-o, agarrou na colher de café, meteu-a na chávena, e como não ficou direita, e tombou, respondeu-lhe: "Veja isto Glória, ainda não fica de pé". Risada geral....
Jorge Tavares
costeleta 16950/56
Recebido e colocado por Rogério Coelho