terça-feira, 29 de setembro de 2009

A CAMINHO DE NARBONE

VISITAR O MEU TIO LUIS ALCANTARILHA, UM ANALFABETO QUE FOI POFESSOR DA VIDA.

JOAO BRITO SOUSA

RAFAEL CORREIA - O EREMITA DA RÁDIO

José Carmo Elias Moreno
A propósito do trabalho com o título acima, da autoria da jornalista Fernanda Câncio, publicado no DN gente de Sábado passado e cuja leitura aconselho a todos os Costeletas; dei por mim a fazer uma revisão à minha galeria pessoal dos Meus Tipos Inesquecíveis, desde os meus tempos de caloiro; para tentar encontrar outros Eremitas, meus conhecidos e que sempre admirei, pela sua natural simplicidade e timidez nunca ostentando ou fazendo alarde da sua também natural e superior inteligência.
Só posso dar testemunho da minha experiência pessoal, e essa é a que relembro das interessantes e desinteressadas conversas dos verdes anos, entre mim, recém chegado montanheiro à cidade e fascinado com a amável recepção e simpatia daqueles colegas da cidade. Entre os que me acolheram dessa forma,estavam o Rafael das Neves Correia, o Fernando Marcelino Cartuxo, e o Helder Martins da Cruz, para citar só três. O Cartuxo não estudava. Lia. Dava uma vista de olhos sobre uma qualquer revista técnica da especialidade, e dissertava duas horas seguidas sobre Aviação, Marinha Cinema ou Astronáutica. God Bless You.O Helder Cruz (onde andarás meu amigo?) era do campo como eu, de Marim, mas estava hospedado em Faro, e era um poeta em estado de inquietude permanente. Do Rafael Correia só posso dizer que, poderá ser Eremita da Rádio, mas não lhe chamem bicho do mato, individualista ou tímido, porque isso ele não é. O Rafael era livre. Há lá maior liberdade do que falar abertamente e deixar falar o povo? Isso ele fazia como ninguém. Isso o Povo não vai nunca esquecer, nem perdoar a quem lhe retirou essa liberdade. Gde Abraço para todos.

JEM

Recebido e colocado por Rogério Coelho

TEMA LIVRE

A "Fateixa"

PESCA DO ATUM (2)


De Alfredo Mingau


A Armação da Pesca do Atum ao largo da Praia de Faro pertencia à Companhia de Pescarias do Cabo de Santa Maria, Ramalhete e Forte.
Pelos comentários dos Costeletas Maurício e Tavares, neste Blogue, entendi fazer uma investigação sobre este assunto, sem querer por em causa as informações dos comentaristas.
Quando se chegava à praia pela ponte do meio e voltando para o lado esquerdo, e andando cerca de um quilómetro, encontraríamos sete enormes barracões junto da Ria. Eram os barracões da Armação do Atum.
Hoje não existem, foram demolidos.
Todos eles estavam identificados por letras. Vivia-se dentro, separados por cortinas de pano, pendurados por cordas.
Um dos barracões era destinado à parte alimentar e era explorado por uma senhora de nome Antonieta que, segundo se dizia, a comida era muito má.
No arraial preparava-se as redes e tudo o que era necessário para a pesca. Existia, também, uma capela cuja padroeira era Nossa Senhora do Carmo.
As redes compunham a armação e eram colocadas no mar ficando na vertical, suspensas por bóias de cortiça, e criavam uma barreira para a marcha do atum, encaminhando-o para a “boca” donde não poderiam sair.
A armação das redes era fixa no local, e o corpo tinha três comprimentos a “câmara” o “buxo” e o “copo”.
As redes, bastante fortes, estavam presas por cabos de aço em que, no fundo, se encontravam presas pelas argolas, muitas e enormes ancoras e a que davam o nome de “fateixas”.
Quem mandava era o Mestre que, como mandador, mandava colocar as embarcações em círculo, “abocadas” em redor do “copo”, fixo, aguardando o início do “copejo”.
O peixe era encaminhado pela perícia dos homens e ficava encurralado no “copo”.
As redes eram levantadas ao som de apitos e os homens muniam-se com os “bicheiros” (arpões) atados aos pulsos.
Era então que se dava o “copejo” com gritos de entusiasmo:
“Ala!, ala!, gritavam em uníssono.
Quando os peixes já eram poucos, alguns homens, mais afoitos, largavam o “bicheiro” e saltavam para cima do peixe, perante o entusiasmo dos restantes com as roupas rasgadas e cobertos de sangue dos atuns. Uma “pega de caras”.
Os peixes eram contados, “guindados” dos “calões” para as “andainas”, utilizando cabrestantes e conduzidos para a lota em Vila Real de Santo António, única lota de atum no país.
No meio dos barracões encontrava-se um mastro onde eram içadas as bandeiras que indicavam a quantidade, em centos, do peixe pescado. Quando o pescado atingia as mil unidades, era içada a bandeira nacional.
As principais famílias donas desta armação eram Mateus da Silveira, Raul Bívar, Justino Bívar conde do Cabo de Santa Maria, Domingos Guerreiro…
Recordemos, para finalizar, o terrível predador de atuns:
O “ROAZ”


(Nota do autor: Achei que o blogue esteve esquecido por toda esta semana; resolvi escrever esta crónica que já me andava no pensamento)
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho