segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O ENSINO



 DE REGRESSO À ESCOLA

. ainda que por breves momentos.
Quando os alunos começaram a chegar já eu estava dentro da sala e tinha montado um pequeno cenário de coisas bonitas. As minhas coisas bonitas: cadernos, canetas coloridas, uma caixa de segredos, entre outras coisas que achei que lhes seria do agrado. Não me enganei. Os seus olhos curiosos ficaram vidrados naquela mesa 
Já sabiam que hoje haveria uma professora nova, mas não sabiam bem o que é que ela - eu! - ía lá fazer. Apresentei-me e perguntei, a cada um deles como se chamavam, seguindo-se um bom dia para cada um.
Depois de uma breve introdução ao assunto que me fazia ali estar fizemos uns exercícios de aquecimento: mãos, pulsos, dedos. Só depois começámos a escrever. Uns escreveram mais, outros menos, uns mais concentrados, outros mais distraídos, porém todos interessados.
Escreveram. Partilharam. Chamaram-me vezes sem conta. Rimos em conjunto. Foi tão bom!
Acho que disfarcei o nervosismo desta (quase) primeira vez. Há duas décadas que não escrevia num quadro a giz. Há duas décadas que não tinha tantos olhos pequeninos em cima de mim. Há duas décadas que não dava uma aula digna desse nome. E assim que comecei, essas duas décadas desapareceram do meu coração. Parecia a miúda, saída da universidade, que com pouco mais de 20 anos entrava numa sala de aula convencida de que iria mudar a vida e o mundo daquelas criaturas. Gostei tanto...Aliás, gosto tanto. Tenho o bicho do ensino e da partilha dentro de mim e só lamento o facto de hoje em dia um professor fazer tudo menos aquilo que o leva para dentro de uma sala de aula: ensinar! Não fosse a papelada, as burocracias, as planificações e os objectivos e eu voltava ao ensino...
Amanhã hâ mais!

Margarida Vargues