A RAPOSA E A PERDIZ
Uma
raposa tinha fome, muita fome!
Já
passava do meio dia, e sem almoçar;
Estava
tonta, como quem não dorme;
Doía-lhe o corpo, de tanto procurar!
O campo
deserto, era muito o calor.
Viva alma à vista, não
vislumbrava;
Estando
também sedenta, para mitigar a dor,
Foi
beber numa fonte que ali se encontrava!
Um
pouco ao longe avistou uma perdiz,
Que
também saciando-se estava.
A
raposa, matreira, já sorria feliz,
Só
de pensar que a enganava!
Ao
lobrigá-la, a perdiz, o pescoço levantou,
Esticou
as pernas, abriu muito os olhos e esperou,
E
totalmente alerta, algum tempo assim ficou,
Até que a raposa com voz rnavlosa talou!
Comadre
perdiz. Conheço
um campo de trigo,
Como não há outro tão perto, · 1
• --
Ouve
bem o que agora eu te digo,
Posso
levar-te lá, e, isto é tão certo,
Que
eu seja ceguinha se não é assim;
Mas
comadre raposa, eu conheço os arredores,
E
não conheço tal maravilha, tal jardim!
É longe, só eu conheço os caminhos melhores!
Para te não cansares, às costas te levarei,
Nada me pagarás pelo transporte,
O campo de trigo fica num sítio que só eu sei,
É daqui a umas léguas, um pouco para o norte.
Para te não cansares, às costas te levarei,
Nada me pagarás pelo transporte,
O campo de trigo fica num sítio que só eu sei,
É daqui a umas léguas, um pouco para o norte.
A perdiz sabia a
fama que a raposa tinha,
De predadora terrfvel e falso animal,
Disse-lhe então: minha querida
amiguinha,
Agora mesmo vou à procura
desse trigal!
E com forte impulso nas
pernas se elevou,
Voando para longe, muito
longe da serpente,
Enquanto
a raposa manhosa muito se lastimou,
E não ter sido mais convincente!
Manuel Inocêncio
Manuel Inocêncio
Sem comentários:
Enviar um comentário