DE REGRESSO À ESCOLA
. ainda que por breves momentos.
Quando
os alunos começaram a chegar já eu estava dentro da sala e tinha montado um
pequeno cenário de coisas bonitas. As minhas coisas bonitas: cadernos, canetas
coloridas, uma caixa de segredos, entre outras coisas que achei que lhes seria
do agrado. Não me enganei. Os seus olhos curiosos ficaram vidrados naquela mesa ️
Já sabiam que hoje haveria uma professora nova, mas não sabiam
bem o que é que ela - eu! - ía lá fazer. Apresentei-me e perguntei, a cada um
deles como se chamavam, seguindo-se um bom dia para cada um.
Depois de uma breve introdução ao assunto que me fazia ali estar
fizemos uns exercícios de aquecimento: mãos, pulsos, dedos. Só depois começámos
a escrever. Uns escreveram mais, outros menos, uns mais concentrados, outros
mais distraídos, porém todos interessados.
Escreveram. Partilharam. Chamaram-me vezes sem conta. Rimos em
conjunto. Foi tão bom!
Acho que disfarcei o nervosismo desta (quase) primeira vez. Há
duas décadas que não escrevia num quadro a giz. Há duas décadas que não tinha
tantos olhos pequeninos em cima de mim. Há duas décadas que não dava uma aula
digna desse nome. E assim que comecei, essas duas décadas desapareceram do meu
coração. Parecia a miúda, saída da universidade, que com pouco mais de 20 anos
entrava numa sala de aula convencida de que iria mudar a vida e o mundo
daquelas criaturas. Gostei tanto...Aliás, gosto tanto. Tenho o bicho do ensino
e da partilha dentro de mim e só lamento o facto de hoje em dia um professor
fazer tudo menos aquilo que o leva para dentro de uma sala de aula: ensinar!
Não fosse a papelada, as burocracias, as planificações e os objectivos e eu
voltava ao ensino...
Amanhã hâ mais!
Margarida Vargues
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