A «FESTA DO CARMO» NA FUSETA
Como há mais de cem anos decorreu por estes dias (15 a 17 de Julho), na vila piscatória da Fuseta («A Branca Noiva do Mar») a tradicional festa em honra de Nossa Senhora do Carmo, padroeira dos bravos pescadores fusetenses.
Trata-se de uma das mais peculiares manifestações de devoção mariana que, durante a época estival, têm por cenário o litoral algarvio, de modo próprio com a emotiva procissão fluvial, ao longo de um troço da sempre bela Ria Formosa. Referimo-nos ao cortejo que conduz a imagem de Nossa Senhora do Livramento, outra das grandes devoções das gentes bacalhoeiras, que nunca rumavam para a Terra Nova e Gronelândia, sem irem despedir-se da «Senhora do Livramento» na sua capela, no sítio da mesma denominação, na freguesia da Luz de Tavira.Tal sucede também n tarde de 2ª feira, o 3º e último dia das festividades com o regresso da venerada imagem.
Estamos muito ligados a esta iniciativa pois durante os anos em que vivemos na Fuseta, felizes e saudosos anos em que «me fiz homem» tive o grato ensejo de fazer parte, «pela banda dos terrestres», os que não andavam no Mar, das comissões de «festeiros». Com que emoção, saudade e carinho, recordo os companheiros de então, de entre os quais cito os pescadores António Menaia, José Fadário, João de Deus Lopes e tantos outros.
Era então Prior o Padre Américo Gomes dos Santos, de saudosa memória, que veio da Diocese de Aveiro, para exercer o munús sacerdotal na Fuseta e em Olhão.
Durante muitos anos as «Festas do Carmo» tinham lugar a quando do regresso dos bacalhoeiros da faina, fins de Outubro ou princípios de Novembro. Com o fim da «Frota Branca», a qual incorporava cerca de oitocentos «fuseteiros» começou a fazer-se em coincidência com o «Dia da Senhora do Carmo» (16 de Julho).
Um mundo de histórias, de lembranças e de tradições, cuja pesquisa urgente se torna fazer, em torno das Festas do Carmo, que por estes dias decorrem na Fuseta.
JOÃO LEAL
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