terça-feira, 18 de março de 2025

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

APADRINHAR UMA ÁRVORE

    Aflorámos o assunto em anterior «Crónica de Faro» (Um Janeiro Negro) a propósito da escassez da floração das amendoeiras no Algarve, que foi um dos grandes cartazes turísticos da nossa Região, durante décadas e décadas, motivo de conhecidas obras de arte, de lendas tradicionais e de uma beleza paisagística única que fazia a «neve vegetal». Muito desta redução se deve, dizem os entendidos que o não somos, à falta de tratamentos (podagem, recolha de frutos ano após ano e outras questões) por via da pouca rentabilidade ao invés do que sucede em outras regiões portuguesas, casos do Alto Douro (uma tradição) ou do Alentejo (uma inovação, a que não é estranho, aqui como noutros casos agrícolas do grande lago «europeu» do Alqueva.

    Vem-nos da Andaluzia, a vizinha região espanhola donde nos chegam positivas ideias nem sempre aproveitadas, uma possível sugestão para o caso das amendoeiras em terras algarvias. Face ao grande número de oliveiras, algumas de elevada idade e porte avantajado, que são um testemunho da paisagem andaluza, necessitando em muitos casos de cuidados especiais, criaram-se os «Núcleos dos Amigos das Oliveiras».

     E em que consiste a sua acção em prol dos «olivos viejos»? Pois existem os «padrinhos das árvores», os quais mediante um contributo anual ou mensal ajudam a poda das árvores, a recolha dos frutos não apanhados e outros cuidados necessários.

     Entre nós a ideia foi aproveitada (caso de Reguengos de Monsaraz, entre outros, no Alentejo) surgindo os «padrinhos das árvores», que além da placa com identificação do padrinho, este recolhe uma pequena margem da colheita alcançada.

  Duranta anos houve a chamada «festa da árvore e o culto da mesma». No anterior regime político este culto, argumentando os seus mentores, ligação aos ideais maçónicos, foi proibido este «culto da árvore». Mais do que razão suficiente para ser retomado e dar-se um renovado aspecto à paisagem ambiental. 

 Não será uma linha a percorrer-se em relação ao amendoal algarvio?

A sugestão aqui fica. 

   

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