domingo, 23 de março de 2008

A FESTA DA MÃE SOBERANA


SE EU ESTIVESSE AÍ…. IA MESMO

À MÃE SOBERANA, EM LOULÉ.

Um mês antes da Páscoa já eu sonhava com o dia da festa de Nossa Senhora da Piedade em Loulé ou a festa da Mãe Soberana.

Grande festa aquela. Vinha gente de todo o lado e depois no fim, havia o discurso do Padre, a puxar ao sentimento e o povo acenava com lenços brancos.

Eu nunca tinha visto coisa igual e gostava daquilo.

Lembrava-me sempre duma vez que lá fui e fiquei no meio da ladeira a admirar o espectáculo da subida.

Era no tempo do Abílio das camionetas, um garrano que andava por ali pelo Patacão a carregar fruta para levar para Lisboa, era ele sim, ele e mais uns cinco, que levavam o andor às costas, MÃE SOBERANA... MÃE SOBERANA .. gritava o povo ... enquanto lenços brancos se agitavam no ar.

Uma vez chegado ao topo, o Prior de Quelfes segurou na batuta, subiu ao palco e começou o seu desempenho, dizendo.. IRMÃOS.. MEUS IRMÃOS e os lenços brancos ao alto rodavam no ar....

Impressionante...

Mas amanhã, Domingo de Páscoa marca o início da procissão com aquela que é a Festa Pequena, onde a padroeira desce da Ermida do Alto do Cerro até a Igreja de São Francisco, no seu andor ornamentado.

O ano passado estive lá e fiquei no meio do percurso. Quando o cortejo se aproximava, eu e outros iniciámos a marcha para o centro da cidade. A passada é estonteante...

Um bocadinho antes, tinha estado à conversa com o Zeca cunhado do Mariano, com o Fernando Estanco e esposa, uns tios meus e outras pessoas...

A Festa Grande ocorre 15 dias depois, quando o andor é carregado em braços pela íngreme ladeira, de volta à Ermida

Aí é que ia o Abílio. Já foi.... e não vai mais..

Neste dia são esperados muitos peregrinos e turistas em Loulé, apesar do momento alto das celebrações terem lugar quinze dias após a Páscoa. Isto porque a festa decorre em dois momentos distintos: no Domingo de Páscoa (Festa Pequena) e passados quinze dias (Festa Grande).

Durante os quinze dias da sua estadia na Igreja de S. Francisco, neste local, novenas e sermões conduzidos por afamados oradores sacros perfazem uma vigília religiosa de grande poder espiritual.

Nesta manifestação de grande culto pela fé existem duas vertentes distintas: a religiosa, no seu mais sentido significado, e a profana, na mais ampla e liberal exteriorização popular. Este cenário imenso da religiosidade louletana, de características tão locais como únicas, só pode ser sentido na alma de cada crente, quando vivido. Uma vivência feita de fervor religioso e de testemunho cristão, cuja explicação reside unicamente na essência dogmática da própria fé.

Este quadro indescritível, soberbo e ímpar só pode encontrar comparação no fausto portentoso das procissões do Norte de Portugal, nomeadamente do Minho. A par do aspecto religioso, e tendo em conta os muitos visitantes que se encontram na cidade nestes dias, para os responsáveis da Câmara Municipal de Loulé a Festa da Mãe Soberana é, cada vez mais, um cartaz da cidade e, como tal, deverá ser feita uma forte aposta em termos de turismo religioso como complementaridade às actividades turísticas do Concelho.

Jaime Cabrita Reis, vamos lá?

Texto de
João brito Sousa