quarta-feira, 26 de março de 2008

QUEM SE LEMBRA DELA?


MARÍLIA PEDRINHO.

Frequentou o Curso Geral de Comércio no meu tempo, nós no 1º ano 1ª turma e ela 1º ano 2ª turma, no tempo da Marciana Nobre, da Gabriela Vieira, da Nilda Zurrapa e de muitas outras. .

Sempre foi uma boa colega, quer na Escola quer na TAP, onde penso que estivemos na mesma altura, ainda.

Reside em Lisboa e tem casa de férias em Albufeira onde passa alguns períodos
Mulher muito viajada e sempre muito simpática para com todos os colegas, é com muito prazer que a recordamos aqui.
E com direito a um poema.

UMA FLOR PARA TI

MARÍLIA, minha boa amiga e colega
Que só te vejo na nossa festa anual
Tu... aquela mulher que nunca se nega
Porque não apareces aqui no jornal?

Conta aí uma história dessas de encantar
Que tivesses presenciado ou vivido
Manda uma coisa gira para se publicar
Que encaixe na música de um fado corrido.

E porque foste uma boa aluna e amiga
Aqui te deixo a laia de uma cantiga
Um voto de felicidade e harmonia...

Que tudo floresça em teu redor
E que a vida te corra pelo melhor
Hoje , amanhã e em qualquer dia.

(manda o texto)


Publicação de
João Brito Sousa

ONDE ESTÃO OS COSTELETAS ?


FUI À PROCURA DOS COSTELETAS.

O comboio estava tabelado para as às 6 e 47 na estação de Campanhã, PORTO e chegava a FARO perto da uma da tarde.

Era mesmo à tabela...

O preço do bilhete é bom para reformados. Só o facto de ter a possibilidade de ir ter com o TECA à praça e perguntar pelo Sampas, valia o preço de três ou quatro bilhetes.

Era a saudade a funcionar.

Conviver um pouco com o velho Teca, que alinhava com a estudantada e vendia marisco na praça, era recordar velhos tempos..

Óptimo. Comecei logo a pensar como seria a minha viagem até à cidade dos meus encantos.

Sim, porque FARO é e foi importante na minha vida. É a cidade da minha juventude. Foi ali que andei à porrada com os putos da minha idade, foi nos bailes da cidade que apanhei as tampas das moças, foi aqui que vi um preto pela primeira vez.... .

Vou telefonar ao Jaime Cabrita e lá vamos nós. Era bom se ele pudesse ir. Mas o Jaime não pôde ir. Fica para a próxima...

Mas eu fui

Eram treze horas quando saí da estação. E logo ali começaram as recordações. Fiquei parado a olhar a rua em frente, a Ventura Coelho, onde eu estive hospedado no nº4, na casa da mãe da Natércia, costeleta, que ao tempo namorava com o Xico ZAMBUJAL, igualmente costeleta mas já aluno do Magistério Primário.

E aí, à porta, recordaria com o olhar distante, no horizonte e no tempo, aquela cena da carta que eu fui incumbido de levar ao correio, ali perto, na estação, e deu-me aquela pancada, abro-te não te abro e abri, tinha uma nota de cinquenta escudos lá dentro, e agora, vais .. ficas.... vens... que tal... e tudo voltou à normalidade, fechei a carta de novo e a nota lá seguiu o seu destino....

Decisão complicada, essa.. mas certa.

Um homem, quando dispõe de algum tempo disponível para utilizar e já muito pouco para viver, pensa nestas coisas e dá-lhe a nostalgia..... e recorda toda a macacada que fez..

E felizes daqueles que dispuseram dessa oportunidade e de tempo para recordar...

Ainda no Largo da estação, olho enviesado para a esquerda e lá está o café, que penso ser do pai do André, um puto giro e amigalhaço do Liceu que vim a saber não me lembro como, foi comissário de bordo na TAP.

Éramos eu, o André e o Zézinho de Almancil mais o Pacheco de Lagos. E um deles dizia que queria ser médico.. para medir a tensão arterial às mulheres. Lembrei-me disso e fui ao café e perguntei pelo André, mas ninguém me soube dizer nada...

Saí do café e dirigia-me para a zona do jardim da doca quando na rua a a seguir à Ventura Coelho, lembrei-me que era ali que se situava o café do Alberto, irmão do André que jogou à bola na Académica e no Belenenses e foi meu colega no Magistério.

Ainda perguntei no café lá existente pelo Alberto.. nada ... não há cá Alberto nenhum. Ao sair, à minha direita, lá em baixo, fica a loja do Prof. Renato, aquele que tinha a mota do Vinhas, ainda lhe dou um assobio, mas nada de Renato.

Vou mas é ver se o Zacarias está na tasca. O Zacarias era um preto que estava empregado numa tasca de esquina, que fica à esquerda, quando se sai da estação para o Hotel Eva.

E nem tasca nem Zacarias. Ainda fui à oficina que fica ao lado, disse boa tarde e perguntei pelo velho Zac.. Que não sabiam nada disso ... que eram alentejanos recém chegados à cidade e nunca viram por ali nenhum preto nem nenhum Zacarias. .

Está tudo mudado... pensei.

E se fosse à praça ?..

Era tarde. Iria no outro dia de manhã até à praça que é o lugar ideal para ver a malta, os montanheiros estão lá todos, vão vender as laranjas e as couves, tudo... é lá que se sabe quem morreu, quem casou , quem nasceu, quem está no hospital a bater as botas... tudo... e o resto sabe-se quando entrevistarmos o TECA, que é boa fonte, porque está lia o dia inteiro.

Damos uma volta por ali e havemos de encontrar alguém, talvez o Rabeca, ilustre empresário da área de prestação de serviços em contabilidade, talvez o Brazinho, contabilista e advogado, estes dois tipos têm uma característica própria, única talvez, nunca gostaram de Lisboa, frequentaram ambos o ICL na rua das Chagas ao Largo de Camões e mal as aulas acabavam, apanhavam logo o rápido às cinco da tarde e davam às de Vila Diogo, Faro com eles, Lisboa jamais..

O Jorge Cachaço devia andar por ali também e se sim tínhamos a manhã ganha. Queremos vê-los todos, o Xico Machado, o Bernardo Estanco, o Zé Elias, o Zé Emiliano, o Ferro e o Salsinha, o Matos Cartuxo, o Figueiredo, o conde de Salir, o Zé Vitorino Neves do Arco, o Zeca Bastos o Jorge Tavares, o Carlos Alberto Vieguinhas, o Alex e o Verdelhão, o Vergílio Coelho, o Júlio Piloto e o Queixinho, o Reinaldo Tarreta a quem perguntaria pelo mano Diogo e pela Meninha, o Zacarias de Pechão, o Ze Maganão e o João Vitorino Bica e muitos.. muitos outros..

Foi só matar.. matar ... saudades e, por fim, lá para as tantas diria como diz o escritor Gabriel Garcia Marquez lá na sua obra... até amanhã, camaradas...

Texto de
João Brito Sousa