sábado, 9 de julho de 2011

DIVAGANDO...
A ELABORAÇÃO DO SENTIMENTO

Por Montinho


Olá João

Quando eu era criança, acumulava desenhos nos espelhos e nos vidros embaciados. No banheiro, depois do banho, e dentro do carro, quando chovia. Eu sempre percebia que os desenhos nunca sumiam. A marca leve de cada um voltava com o novo embaciado, e eu, temperamental, oscilava sempre entre reforçar os traços muitíssimo bem-criados ou dedicar-me a novas expressões. E isto englobando todos em geral.

Hoje meu banheiro guarda em relicário um mosaico. Traços que se justapõem, às vezes se sobrepõem, algumas vezes uma emenda faz surgir um novo desenho que eu só reparo muito tempo depois. Me orgulho do meu mosaico; se há desbotamentos, superposições, desrespeitos estéticos e repetições, sei que tudo aparentemente opaco e embaraçado tem seu lugar, e são esses lugares os mais nobres. Todos, cada um. Há quem diga que é impressionista demais, esse meu mosaico, que só a mim me diz respeito e pouco comunica ao mundo. Pode ser. Me delicio em saber da minha história, e só eu, e só dela.

Mas, o percurso pode ser árduo para recuperação do vigor, do viço, da forma. Exaurido em disciplina, o coração se orgulha quando de novo se movimenta! E não é “divagando” sobre o passado, filmes de António Silva, canções de Amália e outras lembranças que libertamos o nosso/teu sentimento, porque, somos aquilo que somos…!!!

Um abraço


2 comentários:

  1. Apenas me ocorre ao ler este texto,
    que divagar, pensar e sentir, são três +alavras que o autor dedica a alguém para reflexão.
    Estou certo ou estou errado Ermão?
    Roger

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  2. Mano,

    Não te possso dizer que não, tu sabes.

    Vou escrever um comentário /artigo.

    Ab.

    JBS

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