terça-feira, 18 de agosto de 2009

A LIBERDADE


LIBERDADE -POEMA DE PAUL ÉLUARD

Nos meus cadernos de aluno
Na minha carteira e nas árvores
Nos areais e na neve
Escrevo o teu nome
Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas brancas
Pedra sangue papel cinza
Escrevo o teu nome
Sobre as imagens douradas
Nos estandartes guerreiros
Tal como na coroa dos reis
Escrevo o teu nome
Nas selvas e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No eco da minha infância
Escrevo o teu nome
Nas maravilhas das noites
No pão branco dos dias
Nas estações enlaçadas
Escrevo o teu nome
Nos meus farrapos de azul
No pântano sol alterado
No lago luar vivente
Escrevo o teu nome
Nos campos do horizonte
Sobre umas asas de pássaro
Sobre o moinho das sombras
Escrevo o teu nome


Em cada sopro de aurora
Na água do mar e nos barcos
Na serrania demente
Escrevo o teu nome
Na clara espuma das nuvens
Nos suores da tempestade
Na chuva insípida e espessa
Escrevo o teu nome
Nas formas resplandecentes
Nos sinos de muitas cores
Sobre a verdade da física
Escrevo o teu nome
Nas veredas bem despertas
Nos caminhos descerrados
Nas praças que se extravasam
Escrevo o teu nome
Na lâmpada que se alumia
Na lâmpada que se apaga
Nas minhas casas unidas
Escrevo o teu nome
No fruto partido em dois
do meu espelho e do meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo o teu nome
No meu cão guloso e meigo
Nas suas orelhas erguidas
Na sua pata sem jeito
Escrevo o teu nome
Na soleira desta porta
Nas coisas familiares
Na língua de puro fogo
Escrevo o teu nome


Em toda a carne que tive
Na fronte dos meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo o teu nome
Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Muito acima do silêncio
Escrevo o teu nome
Nos meus refúgios desfeitos
Nos meus faróis aluídos
Nas paredes do meu tédio
Escrevo o teu nome
Na ausência sem desejo
Na solidão despojada
Na escadaria da morte
Escrevo o teu nome
Sobre a saúde refeita
Sobre o perigo dissipado
Sobre a esperança esquecida
Escrevo o teu nome
E pelo poder da palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para te conhecer
Nasci para te nomear
Liberdade


Texto colocado por

JBS

5 comentários:

  1. Olá João Manuel Brito de Sousa
    ESCREVO O TEU NOME
    O Poema é bonito. Gostei!
    E aproveito esta "deixa" para escrever o nome de outro amigo, o MAURÍCIO
    Olá Maurício!
    Colegas da Tomás Cabreira.
    Recordo, depois, nas minhas passadas pela Rua de Stº António e os dois dedos de conversa no teu emprego na, se a memória não me falha, Empresa Leacok. E aquele "posinho" que misturavas na água para fazeres limonada ou laranjada, com que agraciavas os amigos...
    Deixavas correr a água e dizias: "quanto mais correr mais fresca fica" Bons tempos Maurício...
    Sera esta recordação uma espécie de intriga?
    Desculpa João por fazer do teu texto um ponto de encontro...
    Um abraço para os dois
    ALFREDO MINGAU
    (comentário recebido com pedido de colocação)

    ResponderEliminar
  2. Boa Tarde,

    Belo poema.Gostei muito.
    Quanto ao comentário... por razões evidentes não me devo pronunciar!

    Cumprimentos para todos

    AGabadinho

    ResponderEliminar
  3. UM ABRAÇO ALFREDO

    TANTOS ANOS JÁ PASSARAM !
    FICO FELIZ POR SABER QUE ALGUÉM,
    COM MEMÓRIA AINDA JÓVEM, MANTÉM
    REGISTADOS ESSES FELIZES ENCON-
    TROS NA RUA DE STº ANTONIO, EM
    FRENTE À MERCEARIA DO GAGO E DA
    LOJA DA MARIAZINHA . REVIVER
    ESSES MOMENTOS E ALGUNS QUE AINDA
    TENS NA MANGA PARA ME RELEM-
    BRARES, EU BEM SEI QUE OS TENS,
    DÃO-ME IMENSA ALEGRIA.
    NÃO VEJO NISSO QUALQUER INTRIGA
    E COMO SABES É CONSOLADOR ACORDAR
    DEPOIS DE UM "SONO" DE QUÁSI 60
    ANOS.
    UM ABRAÇO MAIS MINGAU
    MAURICIO

    ResponderEliminar
  4. Ao ler este comentário do Sr. Maurício, não resisto a transmitir o seguinte:

    A quem classificou de “choradinhos” ; “historietas de crianças”; blogue “acriançado” e “memórias da Escola” fruto das vivências que todos nós passámos enquanto costeletas, solicito que reflita nesta passagem literária do Dr. Domingos Grilo aliás já citada num artigo do amigo costeleta Sr. Alfredo Mingau:


    «... se há coisa que não se perde são as recordações e mal de nós quando nem de nós soubermos fazer história.»

    Que fique reflectindo.....

    Cumprimentos para todos

    AGabadinho

    ResponderEliminar
  5. CARO GABADINHO
    SAUDAÇÕES COSTELETAS.

    CREIO QUE O SR GABADINHO SENTE
    COMO EU E TODOS AQUELES QUE, COM
    MAIS OU MENOS SENSIBILIDADE, SE
    SENTEM CONFORTADOS COM AS RECOR-
    DAÇÕES DO PASSADO. PARA MIM
    É DE FACTO RECONFORTANTE LER E
    REVIVER PASSAGENS DA NOSSA JU-
    VENTUDE, ALGUMAS APAGADAS DA
    NOSSA MEMÓRIA, MAS QUE OS BONS
    AMIGOS FAZEM REVIVER.
    FIZEMOS PARTE DE UMA GERAÇÃO
    QUE VIVEU ALGUMAS DIFICULDADES,
    UNS MAIS DO QUE OUTROS, MAS
    FORAM ESSAS MESMAS DIFICULDADES
    QUE FORJARAM AQUELES QUE , COM
    SABER E EXPERIÊNCIA, TRANSMITEM
    À NOVAS GERAÇÕES TODO O SEU SABER
    E CONHECIMENTOS .
    QUEM PODE REJEITAR O SEU
    PASSADO, AS SUAS RECORDALÇÕES ?

    UM ABRAÇO AMIGO

    MAURICIO S. DOMINGUES

    ResponderEliminar