segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A PRAIA DE FARO

A PRAIA DE FARO
Escreveu-se o tema “A Cidade de Faro” e, porque não a Praia de Faro?
Mas falemos naquele tempo em que a praia da nossa cidade tinha beleza, tinha nostalgia, principalmente à noite para quem lá passava as férias.
A estrada e a ponte dos carros quebraram-lhe essa beleza.
- Onde vais “moce”?
- Vou à praia e vou apanhar o “gasolina”.
Que me recorde eram 3 os “gasolinas” que faziam a carreira para a praia: o barco da camionagem EVA, e mais dois em que o Mestre de um deles era o “chora meninos” e do outro “o Cantiguinha”. Nunca tive conhecimento o porquê destes apelidos. E havia, tabém, o Mestre Chico. E a malta lá ia, barco cheio, em que os Cabos do Mar inspeccionavam se havia lotação a mais.
Depois do “Ramalhete”, durante a baixa mar, os barcos encalhavam
- Toda a gente para a proa! Gritava o Mestre, ou para a popa, conforme o caso, para que o peso ajudasse a desencalhar.
E o barco seguia o seu rumo para a praia.
Existiam três pontes para embarque e desembarque. O “moce” ficava sempre na segunda, na chamada ilha de baixo.
E dirigia-se para a Tasca (restaurante) da Tia Isabel.
- Menino, vá ao meu quarto vestir os calções e deixe ficar a roupa em cima da cama. E vá para a costa. Era assim a Tia Isabel, de uma grande simpatia.
E lá ia o “moce” para a costa ao encontro das moças conhecidas, muitas delas a morarem na praia durante as férias.
À sombra dos toldos e três dedos de conversa. Banho e mergulhos. Depois, juntava-se um grupo e todos iam passear até à barrinha.
O Tio Chico, marido da Tia Isabel, dedicava-se à pesca. Ele e o filho mais velho, ao cair da noite iam de barco lançar o aparelho e as murejonas para apanharem o peixe. Geralmente muxarras nas murejonas e robalos, sargos, safias e outra qualidade, nos aparelhos.
E a malta, para almoçar, escolhia o peixe grelhado pelo Tio Chico ou a caldeirada, deliciosa, naquele grande tacho que a Tia Isabel cozinhava.
E à tardinha, depois da companhia sempre agradável com o sexo oposto, regressávamos à cidade, satisfeitos com a companhia, o almoço, bronzeados e por um dia bem passado.
E, no dia seguinte, porque a malta estava de férias, lá íamos embarcar no gasolina. Outros viajavam nos seus barcos particulares, à vela ou a motor. e a remos. E faziam picniques.
A praia tinha um casino.
Todos os fins de semana havia festa, com corridas de barcos à vela, a remos, mergulhos por mergulhadores artísticos. Concursos, etc..
Era assim a praia de Faro, vista por esta faceta.
Inté!...
Alfredo Mingau
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho

5 comentários:

  1. Olá Alfredo. Um abraço

    Belas recordações dos fins de
    semana passados na Ilha de Faro.
    Do "Chora Meninos",se a memória
    não me atraiçoa, só o conheci
    como "mestre" da sua chata que
    estava sempre fundeada na doca.
    Era ele que, por 5$00, nos levava
    à Ilha, à vela, quando o seu
    serviço de "mariscador" lhe per-
    mitia fazer esse biscate.

    Antes de aparecerem os barcos da
    EVA, quem fazia a carreira era
    o "Isabel Maria", que partia do Cais da Porta Nova nas manhãs de
    Domingo. O seu proprietário era
    um môço mecânico cujo nome desapareceu da minha memória.
    Lembras-te da existência da
    Armação do Cabo de Stª Maria para
    a pesca do Atum ?
    Das enormes âncoras, redes e
    apetrechos que eram armazenados
    num enorme barracão com cobertura
    de junco , práticamente a única
    construção exitente nas dunas ?
    Durante o Inverno só lá ficava um
    pescador a guardar todo o material.
    Era o único habitante da Ilha e 5
    ou 6 Guardas- Fiscais. Como a Ilha
    de hoje é bem diferente !!
    Creio que foi o J.A.COSTA, armaze-
    nista de mercearias, o primeiro a
    construir uma casa térrea, de
    tijolo, na ilha, e não muito longe
    da ponte. Julgo que essa casa ainda
    existe, já transformada, claro.
    Fico~me por aqui hoje.

    Mais um abraço do Mauricio

    ResponderEliminar
  2. Eu imaginava que as duas primeiras casas de tijolo da Ilha eram do Brigadeiro Alves de Sousa e do António Correia Baptista (Tesoureiro da CMF, Presidente do Club Naval, Gerente da Citroen, Presidente do SCF, etc.). Construidas antes da ponte.
    Assim, com a do J.A.Costa seriam três casas.
    Um abraço.
    romualdo.

    ResponderEliminar
  3. CARO ROMUALDO

    OS MEUS CUMPRIMENTOS.
    A MINHA MEMÓRIA PODE JÁ ATRAIÇOAR-ME UM POUC0, MAS O CAPITÃO ALVES DE
    SOUSA SERVIU EM FARO COMO CMDT DA
    COMPANHIA DA GUARDA FISCAL.
    POSTERIORMENTE, JÁ BRIGADEIRO, FOI
    CMDT DA REGIÃO MILITAR , EM ÉVORA.
    TENDO PASSADO ANTES, SE NÃO ME ENGANO, PELO REG.CAÇ Nº4.(CORONEL)
    ERA UM HOMEM "DURO" E POSSESSIVO,
    A PONTO DE PROIBIR QUE SE COMENTASSE NOS CAFÉS E RUAS DA CI-
    DADE UMA AVENTURA AMOROSA QUE TEVE
    O SEU EPÍLOGO NAS INSTALAÇÕES DA
    WC DO JARDIM DE S. PEDRO.
    É MUITO NATURAL QUE TIVESSE FEITO
    CASA NA ILHA, MAS DEPOIS DO J.A.COSTA, POIS A CONSTRUÇÃO DESTA
    FOI MUITO COMENTADA NA ALTURA, COISA INÉDITA PARA A ÉPOCA.
    SE TIVER MAIS ELEMENTOS AGRADECIA QUE ME INFORMASSE.

    UM ABRAÇO COSTELETA DO
    MAURÍCIO S. DOMINGUES

    ResponderEliminar
  4. Caro Maurício
    Parece-me que a tua memória falhou.
    Alves de Sousa foi Comandante da PSP de Faro. Quando "saltou nú pela janela" era Comandante daquela instituição.
    Rogério Coelho

    ResponderEliminar
  5. Caro Rogério
    Tens razão quando dizes que o nosso homem foi comandante da PSP de Faro. Ainda me lembro de ver
    alguns polícias na rua de Stº
    Antonio e junto do Café Aliança a
    ver se apanhavam alguém a comentar
    o caso. Mas também tenho na memória que, antes ou depois, foi
    cmdt da Guarda Fiscal.
    Estarei a confundir com outra pes-soa ?
    Desta aventura amorosa do Alves de Sousa deves conhecer melhor os
    pormenores do que eu. Sei que o guarda da WC despiu o sobretudo
    para cobrir o Capitão que se refugiou na retrete depois de ter
    saltado nú, pela janela, da casa da amante .

    MAURÍCIO S. DOMIGUES

    ResponderEliminar