A PRAIA DE FARO
Escreveu-se o tema “A Cidade de Faro” e, porque não a Praia de Faro?
Mas falemos naquele tempo em que a praia da nossa cidade tinha beleza, tinha nostalgia, principalmente à noite para quem lá passava as férias.
A estrada e a ponte dos carros quebraram-lhe essa beleza.
- Onde vais “moce”?
- Vou à praia e vou apanhar o “gasolina”.
Que me recorde eram 3 os “gasolinas” que faziam a carreira para a praia: o barco da camionagem EVA, e mais dois em que o Mestre de um deles era o “chora meninos” e do outro “o Cantiguinha”. Nunca tive conhecimento o porquê destes apelidos. E havia, tabém, o Mestre Chico. E a malta lá ia, barco cheio, em que os Cabos do Mar inspeccionavam se havia lotação a mais.
Depois do “Ramalhete”, durante a baixa mar, os barcos encalhavam
- Toda a gente para a proa! Gritava o Mestre, ou para a popa, conforme o caso, para que o peso ajudasse a desencalhar.
E o barco seguia o seu rumo para a praia.
Existiam três pontes para embarque e desembarque. O “moce” ficava sempre na segunda, na chamada ilha de baixo.
E dirigia-se para a Tasca (restaurante) da Tia Isabel.
- Menino, vá ao meu quarto vestir os calções e deixe ficar a roupa em cima da cama. E vá para a costa. Era assim a Tia Isabel, de uma grande simpatia.
E lá ia o “moce” para a costa ao encontro das moças conhecidas, muitas delas a morarem na praia durante as férias.
À sombra dos toldos e três dedos de conversa. Banho e mergulhos. Depois, juntava-se um grupo e todos iam passear até à barrinha.
O Tio Chico, marido da Tia Isabel, dedicava-se à pesca. Ele e o filho mais velho, ao cair da noite iam de barco lançar o aparelho e as murejonas para apanharem o peixe. Geralmente muxarras nas murejonas e robalos, sargos, safias e outra qualidade, nos aparelhos.
E a malta, para almoçar, escolhia o peixe grelhado pelo Tio Chico ou a caldeirada, deliciosa, naquele grande tacho que a Tia Isabel cozinhava.
E à tardinha, depois da companhia sempre agradável com o sexo oposto, regressávamos à cidade, satisfeitos com a companhia, o almoço, bronzeados e por um dia bem passado.
E, no dia seguinte, porque a malta estava de férias, lá íamos embarcar no gasolina. Outros viajavam nos seus barcos particulares, à vela ou a motor. e a remos. E faziam picniques.
A praia tinha um casino.
Todos os fins de semana havia festa, com corridas de barcos à vela, a remos, mergulhos por mergulhadores artísticos. Concursos, etc..
Era assim a praia de Faro, vista por esta faceta.
Inté!...
Alfredo Mingau
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho
Olá Alfredo. Um abraço
ResponderEliminarBelas recordações dos fins de
semana passados na Ilha de Faro.
Do "Chora Meninos",se a memória
não me atraiçoa, só o conheci
como "mestre" da sua chata que
estava sempre fundeada na doca.
Era ele que, por 5$00, nos levava
à Ilha, à vela, quando o seu
serviço de "mariscador" lhe per-
mitia fazer esse biscate.
Antes de aparecerem os barcos da
EVA, quem fazia a carreira era
o "Isabel Maria", que partia do Cais da Porta Nova nas manhãs de
Domingo. O seu proprietário era
um môço mecânico cujo nome desapareceu da minha memória.
Lembras-te da existência da
Armação do Cabo de Stª Maria para
a pesca do Atum ?
Das enormes âncoras, redes e
apetrechos que eram armazenados
num enorme barracão com cobertura
de junco , práticamente a única
construção exitente nas dunas ?
Durante o Inverno só lá ficava um
pescador a guardar todo o material.
Era o único habitante da Ilha e 5
ou 6 Guardas- Fiscais. Como a Ilha
de hoje é bem diferente !!
Creio que foi o J.A.COSTA, armaze-
nista de mercearias, o primeiro a
construir uma casa térrea, de
tijolo, na ilha, e não muito longe
da ponte. Julgo que essa casa ainda
existe, já transformada, claro.
Fico~me por aqui hoje.
Mais um abraço do Mauricio
Eu imaginava que as duas primeiras casas de tijolo da Ilha eram do Brigadeiro Alves de Sousa e do António Correia Baptista (Tesoureiro da CMF, Presidente do Club Naval, Gerente da Citroen, Presidente do SCF, etc.). Construidas antes da ponte.
ResponderEliminarAssim, com a do J.A.Costa seriam três casas.
Um abraço.
romualdo.
CARO ROMUALDO
ResponderEliminarOS MEUS CUMPRIMENTOS.
A MINHA MEMÓRIA PODE JÁ ATRAIÇOAR-ME UM POUC0, MAS O CAPITÃO ALVES DE
SOUSA SERVIU EM FARO COMO CMDT DA
COMPANHIA DA GUARDA FISCAL.
POSTERIORMENTE, JÁ BRIGADEIRO, FOI
CMDT DA REGIÃO MILITAR , EM ÉVORA.
TENDO PASSADO ANTES, SE NÃO ME ENGANO, PELO REG.CAÇ Nº4.(CORONEL)
ERA UM HOMEM "DURO" E POSSESSIVO,
A PONTO DE PROIBIR QUE SE COMENTASSE NOS CAFÉS E RUAS DA CI-
DADE UMA AVENTURA AMOROSA QUE TEVE
O SEU EPÍLOGO NAS INSTALAÇÕES DA
WC DO JARDIM DE S. PEDRO.
É MUITO NATURAL QUE TIVESSE FEITO
CASA NA ILHA, MAS DEPOIS DO J.A.COSTA, POIS A CONSTRUÇÃO DESTA
FOI MUITO COMENTADA NA ALTURA, COISA INÉDITA PARA A ÉPOCA.
SE TIVER MAIS ELEMENTOS AGRADECIA QUE ME INFORMASSE.
UM ABRAÇO COSTELETA DO
MAURÍCIO S. DOMINGUES
Caro Maurício
ResponderEliminarParece-me que a tua memória falhou.
Alves de Sousa foi Comandante da PSP de Faro. Quando "saltou nú pela janela" era Comandante daquela instituição.
Rogério Coelho
Caro Rogério
ResponderEliminarTens razão quando dizes que o nosso homem foi comandante da PSP de Faro. Ainda me lembro de ver
alguns polícias na rua de Stº
Antonio e junto do Café Aliança a
ver se apanhavam alguém a comentar
o caso. Mas também tenho na memória que, antes ou depois, foi
cmdt da Guarda Fiscal.
Estarei a confundir com outra pes-soa ?
Desta aventura amorosa do Alves de Sousa deves conhecer melhor os
pormenores do que eu. Sei que o guarda da WC despiu o sobretudo
para cobrir o Capitão que se refugiou na retrete depois de ter
saltado nú, pela janela, da casa da amante .
MAURÍCIO S. DOMIGUES