quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

CRÓNICA DE FARO - JOÃO LEAL

    DUAS AGREMIAÇÕES ANIVERSARIANTES E MAIS QUE RECENTENÁRIAS  


          Neste início do festivo mês de Dezembro duas prestigiadas instituições sediadas em Faro, que têm resistido aos ventos da História e à vontade dos Homens, assinalaram os seus aniversários, prosseguindo os seus brilhantes historias em prol da cidade dos seus habitantes.

            Com as mais efusivas felicitações pela efemérides havidas, formulamos os propósitos de que prossigam pelos anos adiante como exemplares significativos do associativismo, ao nível do País e da Região.

             Ora que tanto se fala, sobretudo a nível comunitário e face aos constrangimentos que a pandemia tem vindo a acelerar, o caso do Montepio dos Artistas de Faro (Associação de Socorros Mútuos Protectora dos Artistas de Faro) é um exemplo do que constituiu a solidariedade fraterna activada pelos ventos novos do pensamento. Constituído em 1 de Dezembro dde1856, por um grupo generoso liderado por José Joaquim de Moura, hoje com nome na toponímia farense e singelo monumento na sua campa no Cemitério da Esperança.  

               Era o mesmo espírito das Confrarias do Corpo Santo (Casa dos Pescadores nos nossos dias) ou das portuguesas Misericórdias, as Santas Casas, hoje um suporte único e basilar na assistência em Portugal.

                 Possuindo a sede própria, na Rua do Montepio, num edifício que partilha com o outro dos aniversariantes, a Sociedade dos Artistas, desenvolveu uma acção médica - social, que foi com muitos anos de avanço, a percursora do Serviço Oficial de Saúde. Oferecia aos seus associados a acção clínica exercidas por dois médicos, os serviços de radiologia, de enfermagem e de deontologia, bem como a Farmácia, que ainda se mantem na Rua de Santo António, com desconto de 12% e, então gratuitos, quanto aos manipulados no laboratório. Já não existe o carro funerário, que os tempos são outros, mas o espírito de ajuda e socorro mútuos que levou José Joaquim de Moura e sus pare mantem-se na generosa dedicação de Luciano Seromenho e seus colegas da Direcção.

              A Sociedade Recreativa Artística Farense, no vulgo e sempre conhecida por «Os Artistas» constituiu-se 8 de Dezembro de 1906, por um grupo de «artistas», que assim eram designados os mesteres (carpinteiros, serralheiros, pintores, pedreiros, estucadores, etc.) sob a liderança de José António Manjua, conhecido por «Manjua Sapateiro», de que possuía um estabelecimento afamado, em plena Rua de Santo António.  Nos «Artistas» a acção dirigia-se para o recreio (bailes, quermesses, convívios, etc.) e para a cultura (cita-se o caso da excelente Biblioteca, de que o último mentor foi o sabedor ferroviário Sr. Caniço, pai do saudoso Vereador Professor Fernando Caniço), os Jogos Florais da Primavera, o Grupo de Teatro, etc.

                 A sua actividade tem sido nos últimos tempos algo perturbada por via do complexo processo das obras de reabilitação do imóvel, mas acreditamos que o querer de Pedro Bartilotti e seus pares, tantas vezes expresso em realizações múltiplas, onde vencer mais este desafio.

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