segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

COSTELETAS QUE EU CONHECI


MARIA JOSÉ FRAQUEZA


Eu a conheço e muito estimo e pergunto: - Quem não a

conhece e a não estima? Vem tudo isto a propósito do livro de

sua autoria «Alcunhas de Olhão», recentemente apresentado na

Biblioteca Municipal Mariano Gago, em Olhão. Revela o mesmo

toda a capacidade criativa desta nossa colega, seu poder

descritivo e investigatório e a plena continuidade de uma

valiosíssima acção cultural que, com empenho, saber e

intuição, tem desenvolvido.

A professora Maria José Conceição Fraqueza, exerceu com

rara dedicação e empenho, o ensino nas Escolas Secundárias

de Almada, Estremoz, Vila Real de Santo António e Faro (Tomaz

Cabreira, onde em menina e moça, frequentou o Curso Geral de

Comércio). Aluna e professora de grande relevo, ela representa

hoje a expressão maior da vida cultural fusetense, havendo sido

dado o seu nome, em reconhecimento de tal valor, à Biblioteca

Fixa nº 9 da Fundação Calouste Gulbenkian, onde tivemos a

mercê de trabalhar.

A «Zézinha», a nossa Maria José Fraqueza, foi (e ainda hoje

não obstante as limitações físicas), igual a si mesmo - alegre,

jovial, fraterna e um manancial de vida, que se fazia sentir e

repercutir mal entrava na automotora na Fuseta A, manhã cedo

para vir estudar. Nasceu na «Branca Noiva do Mar», no dia 8 de

Maio de 1936, onde foi baptizada e é, por todas as razões, «uma

orgulhosa fuseteira».

Casou com o nosso muito estimado amigo, sr. Rui Amálio

de Jesus Fraqueza, seu dilecto colaborador e devotado

companheiro de toda uma vida. Longo, extenso mesmo, é o seu

múnus bibliográfico («Histórias da minha terra», «Murmúrios do

Mar», «Cântico das Lendas», «Há Natal dentro de Mim»,

«Maresias Infinitas», «Maré de Trovas», «Mar Infinito», «Mar de

Rosas», «Tochas Floridas», «Alcunhas Olhanenses», etc., etc.)

Em Novembro último foi, com todo o mérito justificativo,

homenageada pela Câmara Municipal de Olhão, com um dos

mais distintos galardões autárquicos, esta mulher cujo labor

cultural, talvez só o possamos comparar, nestes séculos XX e

XXI ao do também «costeleta», o sempre saudoso João de Deus

dos Reis Andrade. Do seu «deve e haver» anotamos as marchas

populares, as charolas, o teatro, os Jogos Florais do Carmo

(hoje com uma dimensão pluricontinental) e todo um intenso e


vivido labor da Maria José Fraqueza, cuja Casa - Museu, na

Fuseta, é bem o espelho do que tem sido a sua vida - uma

doação permanente aos outros e em favor dos outros.


JOÃO LEAL

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