CONCEIÇÃO PIRES, UMA «COSTELETA» DE REFERÊNCIA
Figura como das referências maiores do meu mundo afectivo e do
testemunho de cidadania. Aliás partilha estes universos com a memória de seu
saudoso marido, Deodato Pires. Ele, poeta, comerciante, homem de causas,
sócio nº l do Sporting Clube Olhanense) nasceu no Baixo Alentejo (Concelho
de Mértola) e, bem jovem veio para Olhão, onde ficou para todo o sempre.
Maria da Conceição Pinto Pires, nasceu em Faro (Lagoa e Relvas / Estoi),
morou no Rio Seco, quando moça e frequentou a Escola Tomás Cabreira. Mas
é, sem dúvida, uma olhanense da mais destacada referência, havendo
dedicado toda uma, felizmente, longa vida, à terra de Olhão. Escritora, com
várias obras publicadas («Breves Notas Históricas da Freguesia de Olhão»,
«Vinte anos de Poder Local», «Elucidário da Cidade de Olhão da
Restauração», «Quinhentas e uma razões para gostar de Olhão», «Olhão da
Restauração, 200 anos, Cidade & Freguesias» e «Estudo Toponímico do
Concelho de Faro»), mulher de forte intervenção na comunidade, de que é
testemunho os25 anos em que, de forma brilhante, desempenhou funções
autárquicas. Foi logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, a quando das primeiras
eleições livres, que, devido à sua grande popularidade e consideração geral, foi
convidada a integrar a lista do PS, como independente. Até 2001, sempre D.
Maria da Conceição Pinto Pires, desenvolveu a sua cidadania nos Órgãos de
Poder Local, isto é «perfazendo 25 anos ao serviço dos Olhanenses», como
reconhece.
Falar de associativismo neste Concelho é falar nesta mulher que tem
o seu nome a múltiplas instituições (Elos Clube, Clube da Simpatia, Associação
da Ilha do Farol de Santa Maria, APOS - Associação de Valorização do
Património Cultural e Ambiental de Olhão, Sporting Clube Olhanense, Confraria
Ohanense do Litão, etc.). Artista de requintados dotes realizou várias
exposições e criou o Centro de Arte de Pintores Olhanense, esteve ligada a
várias iniciativas de caracter cívico, tradicional ou evocativo (Quinzena do Livro
Olhanense e do Livro Algarvio, ornamentação das ruas pelos Santos
Populares, aquisição de sede própria para a Junta de Freguesia e instituição da
bandeira e brasão da mesma, comemorações dos centenários de João Lúcio e
Francisco Fernandes Lopes bem como no Rio de Janeiro do segundo
centenário da chegada do caíque «Bom Sucesso ao Brasil, do busto ao «Sr.
Almeida da Farmácia, da geminação de Olhão com as cidades francesas de
Lesparre e Vendys/Montalivet,etc., etc.).
Largas dezenas de afilhados, sobretudo na zona da Barreta, onde o
estabelecimento comercial, era o centro comunitário, constitui um valioso
património afectivo e da muita e generalizada estima que era votada a este
casal benquisto. Mas existem as condecorações e os prémios conferidos num
preito de merecida homenagem a Maria da Conceição Pinto Pires. Elas
atestam, com plenitude de justiça o reconhecimento expresso pela Câmara
Municipal de Olhão (Medalha de Dedicação e Bons Serviços, Grau Ouro,
Governo Civil de Faro (como escritora, autarca e elista), Câmara Municipal do
Rio de Janeiro (iniciativa de promover a celebração do 2º centenário da viagem
do caíque «Bom Sucesso), Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia de
Olhão (dado o seu nome á Sala de Reuniões, Medalha de Honra «pela
dedicação à causa pública e mérito pessoal), Sociedade Memorial Visconde de
Mauá - Brasil (Comenda e respectivas insígnias), etc. etc..Falta neste currículo
da insigne farense que se fez por mérito próprio um símbolo de Olhão, a
concretização de um sonho apresentado a quem de direito e a aguardar
concretização - o serem «cidades irmãs) as urbes de São Sebastião do Rio de
Janeiro e da Cidade de Olhão da Restauração.
Um sonho lindo que merecem as duas terras, de um e do outro lado do
Atlântico e que o merece, de modo especial, esta senhora, nossa grande
Amiga e que, nascida em Faro é hoje um dos símbolos maiores da mulher
olhanense.
JOÃO LEAL
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