RUA DA MARINHA, UM TÚNEL DE ESCURIDÃO
Deixou de ser a «rua da ventania», como sempre foi
conhecida pela violência com que o vento ali se fazia sentir,
para ser hoje «um túnel de escuridão». Com efeito esta
histórica artéria farense é de uma ausência total de iluminação
pública, numa zona da baixa citadina, que prima por uma
desejável qualidade nesta estrutura, altamente beneficiada
após a instalação do sistema «led».
Com efeito não existe um único ponto de luz a funcionar
desde o seu início sul / norte, ou seja desde a Praça D.
Francisco Gomes (delimitado pelos edifícios do Hotel Faro e da
ex - icónica Mercearia Aliança) até à Rua Ivens ex - edifícios do
Posto Municipal de Turismo e dos Móveis Bexiga).
Esta Rua da Marinha marca uma presença destacada entre
as suas congéneres históricas. Ali se situavam ou situam o Café
Aliança (hoje infelizmente encerrado e que faz parte dos «cafés
históricos de Portugal), O Café Cabrita, o Salão de Cabeleireiro
Santos & Horta (com a «manicure» Don Irene), a loja do sr.
Dinarte (depósito de tabaco e de venda de selos e papel selado),
os Móveis Vieira (a lembrança de um grande senhor do desporto
algarvio) e, claro, referência maior o «tugúrio» onde vivia e
tinha o seu escritório José Ruah, falecido em Lisboa e que foi o
último elemento da comunidade israelita na nossa cidade.
Ali ouvimos, há mais de 70 anos, a sempre recordada «diva
do fado», Amália Rodrigues, que havendo vindo a Faro para um
espectáculo e estando instalada no então Hotel Aliança, deu
uma sessão, á borla, aos muitos farenses que por ali se
encontravam, ovacionando a «Senhora do Fado».
Rua da Marinha, um manancial de história, vivências, gentes
e factos que ora é, por incúria dos homens, um túnel escuro.
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