segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


RUA DA MARINHA, UM TÚNEL DE ESCURIDÃO


Deixou de ser a «rua da ventania», como sempre foi

conhecida pela violência com que o vento ali se fazia sentir,

para ser hoje «um túnel de escuridão». Com efeito esta

histórica artéria farense é de uma ausência total de iluminação

pública, numa zona da baixa citadina, que prima por uma

desejável qualidade nesta estrutura, altamente beneficiada

após a instalação do sistema «led».

Com efeito não existe um único ponto de luz a funcionar

desde o seu início sul / norte, ou seja desde a Praça D.

Francisco Gomes (delimitado pelos edifícios do Hotel Faro e da

ex - icónica Mercearia Aliança) até à Rua Ivens ex - edifícios do

Posto Municipal de Turismo e dos Móveis Bexiga).

Esta Rua da Marinha marca uma presença destacada entre

as suas congéneres históricas. Ali se situavam ou situam o Café

Aliança (hoje infelizmente encerrado e que faz parte dos «cafés

históricos de Portugal), O Café Cabrita, o Salão de Cabeleireiro

Santos & Horta (com a «manicure» Don Irene), a loja do sr.

Dinarte (depósito de tabaco e de venda de selos e papel selado),

os Móveis Vieira (a lembrança de um grande senhor do desporto

algarvio) e, claro, referência maior o «tugúrio» onde vivia e

tinha o seu escritório José Ruah, falecido em Lisboa e que foi o

último elemento da comunidade israelita na nossa cidade.

Ali ouvimos, há mais de 70 anos, a sempre recordada «diva

do fado», Amália Rodrigues, que havendo vindo a Faro para um

espectáculo e estando instalada no então Hotel Aliança, deu

uma sessão, á borla, aos muitos farenses que por ali se

encontravam, ovacionando a «Senhora do Fado».

Rua da Marinha, um manancial de história, vivências, gentes

e factos que ora é, por incúria dos homens, um túnel escuro.

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