O “Moce”, segundo se lembra, vinha a correr para entrar na sala antes do segundo toque.
O professor não deixava entrar depois daquele toque. Não facilitava. Professor Urbano dos Santos.
A história é verídica e, passou-se nos anos 40, mais propriamente em 1942, se a memória está correcta.
Depois de uma renhida partida de futebol, no estádio do Largo da Sé, onde tinha sido seleccionado pelo dono da “trapeira”: Tú, Tú… “e estava feita a selecção”.
Os sapatos ficavam esfolados com os pontapés e, ao chegar a casa, era certo e sabido que a mãe o castigava à “chinelada”. Mas o vício vencia a “chinelada”.
Voltando à história, entrou na sala e sentou-se no seu lugar, na última fila junto da janela.
A sala era no 1º andar com as janelas para a rua. Não tenho a certeza do nº da sala mas, o Costeleta Romualdo fala da sala nº 1.
Passados uns minutos o “Moce” começou a sentir aquela dorzinha no “baixo ventre”, sinónimo de “bexiga cheia”. Não aguentando levantou-se e:
- “Sô Tor” preciso de ir à retrete.
O Professor, depois de mudar para os óculos de ver ao longe, e identificar quem fazia o pedido, respondeu:
- Não vais! Fizesses antes de entrar na sala.
- Não tive tempo “Sô Tor” e, se não for à retrete, faço nas calças.
- Não vais! Faz onde quiseres!
O “Moce” sentou-se mas ficou à ”rasca”. E pensou no que disse o professor “faz onde quiseres”. E se bem pensou melhor o fez. Rasgou uma página da sebenta, enrolou-a, fez um cartuxo; desabotoou a braguilha e mijou para dentro. Alívio confortável.
Como a janela estava ali ao seu lado e, porque, ninguém estava a observar, atirou o cartuxo mas, na trajectória o cartuxo abriu-se e, toda a mijadela, regou a sala junto da janela.
No dia seguinte era um pivete insuportável…
Pode-se considerar esta história como uma “trágico-comédia” que não fere a dignidade do professor.
“SE BEM ME LEMBRO”.
Inté!
Alfredo Mingau
(1) – Era o nome do programa, na RTP, pela voz do saudoso Vitorino Nemésio, e que eu via com muito agrado.
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho