domingo, 24 de julho de 2011


O Homem
Manuel Inocêncio da Costa

P homem é o sim e o não,
E, os dois no mesmo dia.
Vê-se nisso alguma contradição?
Não, nada disso se contraria!


Ele é a mágoa e a dor,
A certeza e a incerteza,
O amor e o desamor,
A selvajaria e a beleza!


Ele é a força e a fraqueza,
O cansaço e a pujança,
É essa a sua natureza,
Ele é o ânimo e a esperança!


Ele morre para salvar;
Ele despe-se para vestir;
Ele não se importa de matar,
Por insignificâncias e, a rir!


Não é às vezes cruel?
E muito duro como o granizo,
Não é às vezes como o mel?
Tão doce como um sorriso?


O homem é assim - nada a fazer!
Do melhor e do pior é capaz;
Talvez assim não devesse ser
Porém é …e tanto lhe faz!


Diz-se: só os burros não mudam,
Isto poderia pois mudar,
Só desejos porém não ajudam,
A coisa assim irá continuar!


EU E OS OUTROS
Por João Brito Sousa


De uma maneira geral, tenho com os outros uma relação de consideração. Todavia, cheguei à conclusão, já tarde, que por muito boa vontade que tenhamos, mesmo tratando-se esses outros dos que considero melhor dotados, não se lhes pode dar tudo. Porque fazendo-o, corre-se o risco de perder o amigo, se o é, de se perde o dinheiro se o emprestamos, idem com o automóvel, com a caneta de tinta permanente e por vezes com a mulher.

A recíproca também é verdadeira.

Numa das vezes que estive hospitalizado, chamei um “bata azul”, das classes mais baixas lá do Hospital e pedi-lhe ajuda para ir á casa de banho. Conversámos um pouco e às tantas diz-me ele: “aqui vocês, digamos doentes, têm de se desenrascar”, querendo dizer-me que nós é que tínhamos de fazer pela vida.

E eu a pensar que era ao contrário.

Pensava eu que, estando em dificuldades, seria lógico que aquele que está em boas condições físicas me viesse dar a mão. Mas não é assim. Se precisares de ir á casa de banho, tocas a campainha, se estiveres no Hospital, claro e quando o bata azul vier já tu estás todo borrado.

Mas não deveria ser assim.

E se te pedirem dez mil euros, como é ?

É amigo ? Sim, então vai e em branco. Sem garantia nenhuma. Corres um grande risco, não sabias. Então experimenta e logo vês. Ou então vai perguntar ao bata azul que ele sabe como é. Repito aqui aquela cena que se passou comigo, quando fui à inspeção militar ao Hospital da Estrela, a minha mãe comprou-me uma balalaika em folha e um que estava lã comigo, pegou nela e foi vendê-la à feira da ladra. Eu fui queixar-me ao sargento, que chamou o presumível e disse-lhe: assinas uma letra e vai á cobrança. Sim meu sargento Resultado, a letra foi mas não cobrou nada, tendo eu ficado sem a balalaika e sem o dinheiro dos custos da letra.

Por outras palavras, a vida não é o que deveria ser, mas aquilo que é. E é ao contrário do que deveria ser. O Jorge Palma, até canta, “Projectos para quê se sai tudo ao contrário”. O AM também cortou o cabelo e concluiu que foi disparate. Grande não gostava, cortou-o e disse, “porra não era isto que eu queria”.

Complicado, isto. Ou é a crónica que está mal escrita ?

Se o Montinho já chegou a Faro, de certeza que vai apitar. E dizer de sua justiça. Mas se o Montinho não disser nada, espero que digam outros.

Se for publicada, como diz o Diogo.

Ab.

JBS