quinta-feira, 9 de junho de 2011


À CONVERSA COM
MAURÍCIO DOMINGUES (II)

Por João Brito Sousa

Grandes vultos da cultura, no teu entender.
MS – Á cabeça Luís de Camões, que representava o génio da pátria na sua dimensão mais esplendorosa, significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho, apesar de nos primeiros anos da república ser um feriado exclusivamente municipal. Com o 10 de Junho, os republicanos de Lisboa tentaram invocar a glória das comemorações camonianas de 1880, uma das primeiras manifestações das massas republicanas em plena monarquia
O 10 de Junho começou a ser particularmente exaltado com o Estado Novo o regime instituído em Portugal em 1933 sob a direcção de António de Oliveira Salazar. Foi a partir desta época que o dia de Camões passou a ser festejado a nível nacional. A generalização dessas comemorações deveu-se bastante à cobertura dos meios de comunicação social
Durante o Estado Novo, o 10 de Junho continuou sendo o Dia de Camões. O regime apropriou-se de determinados heróis da república, não no sentido laico que os republicanos pretendiam, mas num sentido nacionalista e de comemoração colectiva histórica e propagandística
Até ao 25 de Abril de 1974 o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional do Jamor em 1944. A partir de 1963, o 10 de Junho tornou-se numa homenagem às Forças Armadas Portuguesas numa exaltação da guerra e do poder colonial. Com uma filosofia diferente, a Terceira República converteu-o no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 1978.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo é conjectura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada.
Frequentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, se auto exilou em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha.
Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu bravamente ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.
jbritosousa@sapo.pt

4 comentários:

  1. Olá João,

    Boa ! Mais uma achega à
    vida atribulada do nosso Épico.
    Mas que foi feito da sua dedicada
    escrava Dinamene, das suas paixões e amores
    pela Infanta D. Maria, que lhe deu
    muita inspiração e também responsável , em parte, pelo seu
    desterro, a linda D.Catarina de
    Ataíde, Natércia, a sua primeira
    paixão quando frequentava a Côrte,
    e outros mexericos que circulavam entre as jóvens damas .
    D. Manuel de Portugal, jóvem e
    também amigo de Camões nas farras
    amorosas, foi o causador do àvontade com que o nosso Poeta se
    relacionou com as fidalgas damas.

    E a sua obra poética, a sua líri-
    ca, onde pára , João.? Os seus poemas, os seus maravilhosos Sonetos e
    tanta Poesia além do Poema Épico ?

    Deixo-te por aqui. !

    Um braço do Mauricio

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  2. Meu caro Mauricio
    E onde estão depositados os restos mortais desse grande poeta?
    É uma pergunta que se pode fazer, neste dia 10 de Junho, aos historiadores e cientistas...
    Roger

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  3. Caros amigos.

    Viva.

    Gostei dos vossos comentários e vou pegar nos assuntos que abordaram, porque pessoalmente também tenho interesse nisso.

    Gostei.

    Ab.
    JBS

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  4. Caro Rogério,

    Boa pergunta .Não te sei respoder.! De certeza que as ossadas do Poeta e de muitas pessoas que estavam sepultadas nos
    vários cemitérios, desapareceram no
    terromoto e em obras feitas para a
    reconstução da cidade, mas de ver-
    dade, como se pode admitir, elas
    estão ALGURES EM LISBOA!!
    OS HISTORIADORES de hoje têm as
    mesmas dificuldades com os restos mortais de milhares de militares
    que na 1ª Guerra Mundial (Grande Guerra) e agora nas guerras do Ultramar dos que por lá ficaram no esquecimento !! Poucos foram iden-
    tificados e posso admitir que no meio disto tudo, poderá haver troca
    de ossadas.

    Um abraço do MAURICIO

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