Um texto de LINA VEDES
BANHOS
DE MAR V (Continuação)
Punham-se de costas na rebentação das ondas,
de mãos dadas, procurando
a possibilidade do mergulho.
As
marés vivas de Setembro derrubavam-nas e enrolavam-nas. O morrer da onda
deixava a nu uma verdadeira salada russa de pernas, braços, barrigas, rabos e
mamas. Levantavam-se, guinchavam, voltavam a cair, mas não desistiam dos
mergulhos. O resultado final era hilariante. Recheadas de areia, cabelos
desalinhados, roupa enrolada e colada ao corpo, às vezes despidas ... pareciam
croquetes prontos para a fritura!
Arrastavam-se
para o areal, esgotadas de tanto esforço e sentavam-se de pernas abertas a
descansar esperando os seus homens.
Desato a rir às
gargalhadas sem me conter!
Aqueles
homens calejados pelo trabalho árduo do campo, sempre debruçados sobre a terra,
saíam da água salgada do mar correndo e saltando pelo areal. Descalços,
sacudiam-se, salpicando tudo e todos, agachavam-se, entrançavam as pernas,
rasteiravam-se uns aos outros e rebolavam. Jogavam às "abarcas".
Mediam forças para encontrar um vencedor. Encontrado o mais forte, concluída a
luta, ficavam irreconhecíveis cobertos de areia ... tanta ... que pareciam
reais croquetes já panados.
Aqui
sentada, olhando o infinito, regozijo-me de poder gritar a FELICIDADE
de "abarcar" em mim, simultaneamente, o presente e o passado!
Lina Vedes 6 de Março de 2016
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