quarta-feira, 26 de abril de 2023

CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE



«SE EXCEPTUARMOS AS RUAS DE OLHÃO..»


Ramalho Ortigão, o grande escritor, que alternadamente com

outro dos maiores Eça de Queirós, escreveu talvez o primeiro romance policial

português «O mistério da Estrada de Sintra» (1 870) deixou um raro elogio à

então «Vila de Olhão da Restauração».

Escreveu, no livro «As Praias de Portugal» (1ª edição em 1 876 -

«Magalhães & Godinho, Editores») e no capítulo dedicado à Ericeira:

«Se exceptuarmos Olhão, no Algarve, é esta a terra mais

asseada de Portugal. As ruas estão escrupulosamente varridas como as de um

jardim. As mais pequenas casas têm as vidraças nitidamente lavadas e as

paredes exteriores caiadas de branco...».

Foi graças à generosa troca epistolar com o nosso amigo e

companheiro rotário alcobacense José Manuel Patrício da Silva, que obtivemos

esta referência à terra olhanense. Um elogio do mais alto valor e que tanto

prestigiou Olhão, sobretudo se nos lembrarmos da inexistência da rede

sanitária, mas do empenho das mulheres olhanenses, o eram «o espalho da

casa».

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu na freguesia de Santo

Ildefonso, no Porto (24 / 07 / 1831) e faleceu em Lisboa (7 de Setembro de

1915) e na referida obra «Praias de Portugal» (um livro pioneiro no jornalismo

turístico, hoje tão em voga) assinala sobre os Oceanos:

«Parecendo separar o homem, o belo deste eterno do Mar, é reuni-

los».

Valioso e benquisto escrito de um notável prosador que há tantos

anos elogiou esta Olhão, que amamos.


JOÃO LEAL

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