domingo, 23 de julho de 2023

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


UM PRÉDIO ICÓNICO

Trata-se de um imóvel, pela sua singular arquitectura, o existente no

gaveto das Ruas do Alportel e da Cruz das Mestras. Singular na verdade atrai

pelas suas linhas e multiplicidade usos que o vai da habitação (1º andar de

«quatro águas) à existência de uma unidade de panificação, a «Padaria do

Largo de São Pedro» e que outrora, quando havia o poço fronteiro, se chamou

de «Padaria Lisbonense». Recordo-me das letras que identificavam o negócio,

artisticamente pintadas, como era uso na época, por esse genial artista, que foi

o pintor Artur Costa. Era o popular e aplaudido «Charlot» que, no Carnaval,

alegrava as ruas de Faro, com a sua impecável imitação do Charles Chaplin.

O conjunto dispõe ainda de alta chaminé, por onde saem os fumos dos

fornos e à entrada um artístico painel de azulejos em honra de São Gonçalo de

Lagos, cujo culto teve um grande dinamizador na pessoa do saudoso Coronel

Eng. Sande Lemos, o benemérito farense, que foi proprietário do imóvel em

referência.

De há tempos a esta parte ostenta o letreiro «Vende-se», o que é um

direito pleno dos seus actuais proprietários, creio que a benemérita e

respeitada Família Aboim Ascensão / Sande Lemos. Até aqui tudo normal não

fora o pouco cuidado aspecto do imóvel, situação aceitável para a situação de

venda em que se encontra.

O nosso receio, apenas e só motivados pela defesa do património

farense, reside no futuro a que se reserva para o imóvel. Será para construir

mais betão, como aconteceu com o seu vizinho do lado.

Dadas as suas características e o que representa para a cidade,

sugere-se a sua aquisição pelo Município, dado que usos não lhe faltam e a

plena preservação da sua arquitectura.

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