domingo, 23 de julho de 2023

CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE



AQUELA «BANQUINHA»


Era-o mesmo uma «banquinha», recheada de bocas cava a terra,

camarões da ria, santolinhas, caranguejos, burriés, ovas secas de polvo e todo

um mundo de sabores que atraíam meio Algarve aquele bocado de Olhão,

porta de entrada na Barreta.

Situava-se na Praça Patrão Joaquim Lopes, frente ao ícónico edifício da

antiga Alfândega e da «Barra Nova», a típica taberna olhanense que meio País

conhecia.

Junto à «banquinha», uma espécie de caixa de transporte de peixe, em

madeira, um mariscador, cujos traços fisionómicos marcavam, uma vez mais, a

ascendência magrebina de grande parte das «nossas gentes» e que, nos

canais, sapais e águas da fronteiriça Ria Formosa, fizera a sua maré

apanhando estes produtos. A «Barra Nova», onde conhecemos o sempre

saudoso e acolhedor, mais tarde, prestigiado advogado, o dr. João Ladeira,

nunca devia ter desaparecido. Fazia parte da memória de Olhão, tal como os

vizinhos «Portas de Ferro» ou a «Casa Pires».

Depois, lá dentro, eram os reservados ou o balcão corrido e um chão

sempre coberto de serradura para absolver o que não era desejável. Petisco

haviam-no sempre, mas eram os adquiridos na tal «banquinha» que ganhavam

a preferência.

Recordações de uma Olhão, que saudosamente recordamos e já não

existe!

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