#crónicasdorésdochão
As noites aquecem e a esplanada anima-se! Ohhh eles querem é festa! - só de imaginar que o Euro está à porta... Bem, não me vou "alegrar" por antecipação.
Oiço o tilintar das jolas e o jogo das setas parece querer atravessar a rua. É que o efeito do álcool distorce a visão e, passando para o lado de cá, pode ser que o alvo fique maior e mais visível.
Zzzzzzzzt! Lá vai uma! Ohhhhh, estava quase.
Zzzzzzzzt! Lá vai outra! Ohhhh bolas, ainda não foi desta.
Zzzzzzzzt! É à terceira. Ainda não! Talvez a estratégia não esteja a resultar.
As vozes são as mesmas. As gargalhadas também. Não mudaram desde a primeira crónica, ainda em pleno Covid. São fiéis estes clientes.
Ahhh - dirão - já não se faz clientes assim!
Faz-se, sim! - digo-vos eu, que os aturo desde 1720.
Ccccrrrrrr... Ccccrrrrrr... Ccccrrrrrr - não, não é a abreviatura para um nome menos próprio; trata-se, simplesmente, da melhor onomatopeia que arranjei para reproduzir o barulho das cadeiras de plástico a serem arrastadas pela calçada. Ccccrrrrrr... Silêncio.
Estarão a tentar abrir alas para que o corredor do jogo das setas fique mais largo? Ou estarão as cadeiras com uma jola a mais e já estão demasiado pesadas para serem levantadas?
Crriiic... Crriiic... Ccrrriiccc... O toldo está a precisar de ser oleado. Silêncio.
Fecha-se a porta. As vozes continuam. Que comece botellon! Olé!
Margarida Vargues
Sem comentários:
Enviar um comentário