segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CRÓNICA DA SEMANA

A Feira de Santa Iria – e a crise…

Um passeio à feira.

Faz agora um ano que escrevi uma crónica com uma pequena história sobre a velhinha Feira de Santa Iria (desde 1596).
E aí está, mais uma vez, no Largo de S.Francisco, até ao próximo Domingo.
Neste Domingo, dia 17, fomos dar um passeio à feira e, em substituição do jantar resolvemos, para variar, comer naqueles restaurantes que lá estão montados no interior de grandes tendas, saborear as sandes de presunto e/ou o saboroso queijo de ovelha, naquele pão caseiro e apetitoso que aqueles restaurantes cozem nos fornos à vista da clientela.
Procurámos lugar para nos sentarmos e comer descansadamente. Pura loucura; lotação esgotada… Comer de pé? Nem pensar. Valeu-nos um casal simpático acomodado naquelas mesas compridas que, juntamente com outros dois casais amigos se juntaram um pouco mais proporcionando-nos dois lugares. O cheirinho apetitoso da carne grelhada despertou-nos a curiosidade. “Secretos” de carne de porco preto no prato ou no pão. Encomendamos duas sandes de "secretos", duas imperiais e um pratinho de azeitonas britadas. Que grandes sandes e que bela carne tenrinha e saborosa. Saímos daquela grande tenda e, aos encontrões com aquela massa humana, procuramos uma barraca de fabrico de farturas. Dois “charingos” (filhós) e de pé ao balcão dum dos bares móveis tomámos as “bicas” bem quentinhas. Foi a sobremesa. Depois passeamos pela feira apreciando os carrosséis, os automóveis de “embate” e as rodas de cortar a respiração. Tudo repleto de gente. Ao sairmos da feira adquirimos o que antigamente apregoavam por “torrão mó” e, numa pequena barraca, com muitos clientes, duma feirante que nos disse ser ribatejana, compramos as castanhas e as nozes.
Com tanta gente a gastar dinheiro, é caso para se dizer: “é a crise?”.
E saímos, satisfeitos com o passeio e com a refeição.
Voltaremos.

Alfredo Mingau

PONTO DE ENCONTRO

O PARTO, A PRÓSTATA E A VINGANÇA


Ela com 19 anos e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel, viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebé, tudo uma beleza.
Anos oitenta a moda na época era ter uma máquina de filmar do Paraguai. Sempre tinha ou tem um vizinho, ou mesmo um amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambinha por um precinho muito bom!
Hora do parto ela tinha muita vergonha, mas eu teimoso, desejava muito eternizar aquele momento. Invadi a sala de parto com a câmera ao ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. Todo o mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme.
Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram os meus, orgulho e tesouro
Três anos se passaram aí nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes. Como ela “categoricamente” me disse que não queria que eu a filmasse dessa vez, sem ela esperar invadi a sala de parto e mais uma vez com a camêra ao ombro repeti o mesmo ritual.
As pessoa que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração do meu orgulho.
Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana num instinto de vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata. Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e a minha mulher gritando:
- Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!
Meus olhos saindo das órbitas fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que não conseguia nem falar. O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão! Ah, eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz.
E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema:
- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora…
Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.
Agora estou escrevendo este e-mail pedindo aos amigos, parentes e outros mais que receberam uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o reembolso.

(Luiz Fernando Veríssimo)
Sempre o humor deste grande autor brasileiro (filho do também grande escritor, Erico Veríssimo)

Enviado por: Ferreira Borges

QUANDO ALGUÉM PARTE

PARA O HERNÂNI DO ADRO



Um abraço de pêsames pelo falecimento do filho.



QUANDO UM FILHO PARTE



Os Pais choram, não chega nem é suficiente
Porque fica o desgosto, a dor e tudo o mais.
Para onde é que ele vai? haverá lá gente?
E com esta dúvida ficam a sofrer os Pais.

Todos nós sabemos como tudo isto acontece
É em qualquer dia, qualquer mês, ano, hora
Tudo pode acabar quando menos nos parece
Esse minuto estava marcado e chegou agora

Nada a fazer, apenas tentar entender melhor
Que a vida um dia acaba e de nada vale a dor
Vale sim, viver com honradez e sinceridade

Hoje aconteceu a um filho dum bom colega
Amanhã é outro ou é a tua hora que chega
A vida é isto amigo, não há outra realidade.



João Brito Sousa